São Paulo, quinta-feira, 28 de outubro de 2004

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RANKING DA CIÊNCIA

A correlação entre o desenvolvimento de um país e sua produção científica está bem estabelecida. E a ciência feita pelo Brasil -mais especificamente sua mensuração por meio de artigos publicados em periódicos internacionais- está, ao contrário da economia, crescendo acima da média dos países em desenvolvimento. É o que mostra análise da Fundação Nacional de Ciências (NSF), a principal agência de fomento dos Estados Unidos.
Em 1988, o Brasil publicou 1.766 artigos em periódicos considerados mais importantes. Em 2001, esse número saltou para 7.205, um crescimento de 408%. Em termos de América Latina, em 1988, o Brasil respondia por 31,5% da produção regional. Em 2001, essa cifra subiu para 44,1% -o maior produtor individual. E a América Latina, vale notá-lo, foi a área do planeta que apresentou maior crescimento entre os países em desenvolvimento.
É claro que esses resultados, de fato positivos para o país, precisam ser relativizados. Quando se divide a produção científica pela população, o Brasil cai da primeira posição na América Latina para a quarta. Com 38,8 publicações por milhão de habitantes, o país está atrás de Argentina (77,8), Chile (75,7) e Uruguai (47,9).
Quando se considera também a produção dos países desenvolvidos, a situação das nações em desenvolvimento muda radicalmente. Os ricos respondem por 83% das publicações, contra apenas 17% de todos os emergentes. Em 2001, o Brasil foi a origem de pouco menos de 1,5% dos artigos do mundo.
Isso demonstra que ainda é longo o caminho a percorrer. Para continuar ampliando a produção científica, o Brasil precisaria seguir investindo cada vez mais em pesquisa e desenvolvimento. Lamentavelmente, porém, há motivos para temer que a situação tenha mudado para pior nos dois primeiros anos do governo Luiz Inácio Lula da Silva, quando o ajuste fiscal perseguido com cada vez mais ímpeto pelo Planalto levou ao contingenciamento de verbas de ciência e tecnologia.


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