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Múlti brasileira
Sucesso da Vale do Rio Doce, segunda maior mineradora do mundo, se deve a privatização e decisões estratégicas
A AQUISIÇÃO da mineradora canadense Inco
pela Vale do Rio Doce
estabelece um novo
patamar nas estratégias de internacionalização das empresas
brasileiras com capacidade de
tornar-se protagonistas globais.
Com um desembolso em dinheiro que pode chegar à casa dos
US$ 18 bilhões, a Vale, num lance
arrojado, ampliou o seu horizonte empresarial.
Esse negócio bilionário não
apenas propiciou à empresa brasileira transitar da quarta para a
segunda posição no ranking das
maiores mineradoras do mundo
em valor de mercado (agora só fica atrás da BHP-Billiton, da Austrália). A Vale, além de desconcentrar-se regionalmente, entra
com força na cadeia do níquel.
Incorporada a Inco, a multinacional do Brasil se torna a maior
produtora global desse minério
-condição que já ostenta no
mercado de minério de ferro.
Especialistas projetam "céu de
brigadeiro" para o preço internacional do níquel. A Vale se posiciona num mercado cuja demanda promete ser crescente conforme o padrão de desenvolvimento
da China (a grande responsável
pelo regime de alta das "commodities" metálicas) transite para
um nível mais sofisticado. O níquel compõe a liga do aço inoxidável, bastante presente em produtos de maior valor unitário,
como geladeiras e automóveis.
A Vale é caso notável de sucesso do programa de privatizações.
É também exemplo de sucesso
de gestão empresarial e visão estratégica, o que foi fundamental
para que o destino da empresa se
desviasse do de "presa" rumo ao
de "predadora" global.
Adquirida em 1997 por um
consórcio formado majoritariamente por empresas e fundos de
pensão nacionais, a companhia
demorou algum tempo para desvencilhar-se de um entrave entre seus controladores -basicamente uma participação cruzada
entre os principais acionistas na
Vale e na CSN. Um empréstimo
do BNDES solucionou a questão
e separou o controle das duas
empresas três anos depois da
privatização da mineradora.
Em meio a um ambiente internacional particularmente avesso
à mineração -a crise asiática, no
final da década passada, havia
desvalorizado fortemente o preço das "commodities" metálicas-, a Vale sobreviveu ao primeiro ciclo de fusões e aquisições no setor em escala global.
Esse e outros ajustes permitiram que a Vale aproveitasse com
bastante intensidade o ciclo de
crescimento mundial que se seguiu, a partir de 2003. Fundado
na vigorosa expansão chinesa e
na retomada da economia norte-americana, esse ciclo ainda perdura, embora em ritmo mais moderado. A mineradora lucrou
mais de R$ 10 bilhões em 2005.
Agora a Vale dá seu passo decisivo rumo à internacionalização.
É um caso que dá a pensar: quantas empresas desse porte e com
esse apetite o Brasil poderia ter
gerado caso suas taxas de crescimento não tivessem caído
abruptamente há 25 anos?
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