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Amazônia em alta
SOB O PRETEXTO de que necessitava dos dados para a 12ª
Conferência das Partes
(COP-12) da Convenção-Quadro
sobre Mudança Climática da
ONU, que começa dia 6 no Quênia, o governo federal anunciou
-três dias antes do segundo turno- uma nova diminuição na taxa anual de desmatamento na
Amazônia. A oportunidade eleitoral do anúncio não retira mérito da façanha, até por se tratar da
segunda queda consecutiva, ambas na faixa de 30%. Cabem algumas qualificações, no entanto.
Em primeiro lugar, trata-se
apenas de uma estimativa. O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, encarregado do monitoramento, empregou na análise só
34 das 220 imagens necessárias
para cobrir toda a Amazônia brasileira. A amostra abarca, ainda
assim, áreas do chamado Arco do
Desflorestamento que concentraram 2/3 da derrubada no ano
anterior. Com a margem de erro
inflada a 10%, manda a prudência aguardar a cifra confirmada,
prevista para dezembro.
Depois, não é o caso de festejar,
propriamente, a destruição de
13.100 km2 de florestas. É uma
superfície maior que a da Jamaica. Algo como 0,8 bilhão de árvores pode perecer numa devastação dessa magnitude. E engana-se quem presumir que terão sido
sacrificadas para uso produtivo
da terra -no mais das vezes,
poucas cabeças de gado ocuparão a área derrubada (ainda que
venha crescendo a parcela da
floresta diretamente convertida
para agricultura intensiva).
Por fim, persiste a dúvida sobre o elemento determinante na
redução das taxas. O Ministério
do Meio Ambiente atribui tudo
ao endurecimento da fiscalização e às novas unidades de conservação. Alguns ambientalistas,
por outro lado, ponderam que
ainda é cedo para aquilatar a
contribuição da crise do agronegócio. Ainda que suscite satisfação momentânea, o grande teste
virá quando os produtores agrícolas conseguirem levantar de
novo a cabeça.
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