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CARLOS HEITOR CONY
Uma sugestão cívica
RIO DE JANEIRO - O pessoal do
governo e da base aliada encontrou
um argumento para justificar a
prorrogação da CPMF por mais alguns anos. Descobriu que nenhum
país pode dispensar o reforço de 40
bilhões da moeda local em seu orçamento de cada ano. Convenhamos,
é dinheiro pra burro, mas ainda
pouco para atender às necessidades
nem sempre necessárias de um governo caótico no que se refere às
aplicações de verbas.
Não se precisa ter memória de
elefante para lembrar o drama do
ex-ministro Adib Jatene na aprovação de um imposto provisório destinado à área da saúde. A situação
dos hospitais era obscena, crianças
nascendo em pias de enfermarias,
doentes espalhados pelo chão, falta
de material mais urgente, como algodão, esparadrapo e soro.
O imposto foi aprovado e o ministro voltou à sua profissão de médico, mas a situação hospitalar continua a mesma.
Aqui no Rio, um jornal divulgou
nesta semana que, no setor da neurocirurgia, para operações no cérebro, usavam furadeiras, dessas de
furar parede para colocar o prego
que sustentará um quadro.
Verdade seja dita: já vi furarem o
crânio de um paciente com uma
dessas furadeiras, mas num filme
dos Três Patetas (em sua primeira
formação). A vida copia a arte, mas
é bom que pare nas furadeiras.
Um viajante do século 16 descobriu um reino perto das antigas
ilhas Papuas. Para abastecer o tesouro real, o soberano criou o imposto do ar, quem respirasse pagava
o tributo, calculado na base de três
mil respirações por dia.
O nosso espaço aéreo é enorme,
como disse aquele marechal quando soube que o avião em que viajava
estava a 12 mil metros de altitude:
"Eu sabia que o Brasil era grande,
mas não sabia que era tão alto!".
Temos bastante ar para novo
imposto.
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