São Paulo, sexta-feira, 28 de outubro de 2011

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ELIANE CANTANHÊDE

O coringa

BRASÍLIA - O deputado e agora ministro do Esporte (assume na próxima segunda) Aldo Rebelo é um personagem incomum no Congresso, na política, talvez até na vida.
Filho de um vaqueiro e uma professora primária, mais velho de oito irmãos, ficou órfão de pai aos nove anos na cidadezinha de Viçosa, em Alagoas. Começou a carreira como presidente da UNE, considera-se comunista desde sempre, é viciado em história, insiste em patriotadas e mantém hábitos modestos.
Gosta de pitar um cigarrinho artesanal, mantém a voz mansa (com forte sotaque nordestino) mesmo quando quer pular na garganta do interlocutor e é capaz de algo que a maioria -dos políticos e das pessoas- não consegue: dar de ombros à patrulha ideológica em favor de convicções.
No Código Florestal, foi acusado até de "vendido" para os ruralistas, mas não abriu mão de seu ponto de vista: utopias ambientalistas ou de esquerda não podem, e não devem, se contrapor ao interesse de milhares de pequenos produtores, nem mesmo ao agronegócio brasileiro e muito menos à própria realidade.
Fiel ao PC do B e aliado de primeira hora de Lula, de quem foi ministro para articulação política, Aldo mantém amigos em diferentes partidos, do DEM, do PSDB, do PDT... Mas vive às turras com "aliados", especialmente do PT e do PMDB, que lhe tiraram o tapete para a reeleição à presidência da Câmara e criaram um rodízio, ora um, ora outro, no cargo.
O que vai fazer no Esporte? Não se sabe, pois, além de palmeirense, ele só parece ligado ao tema pela CPI CBF-Nike, que presidiu e que não deu em nada, a não ser num livro escrito com o relator, o tucano Sílvio Torres, que acabou apreendido.
Mas figuras como Aldo, seja na Defesa, no Turismo, no Congresso... melhoram a imagem do político e a paisagem na própria política. Se quiser, puder e conseguir desbaratar os esquemas do PC do B no Esporte, melhor ainda. A conferir.

elianec@uol.com.br


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