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À ESPERA DE RESPOSTAS
Depois do decepcionante resultado do PIB do trimestre julho-setembro, novos indicadores do
IBGE, desta vez relativos ao emprego
e à renda dos trabalhadores no mês
de outubro, corroboram a avaliação
de que a esperada retomada da economia brasileira vai se dando em ritmo lento, sem impacto significativo
no mercado de trabalho.
Se na comparação com setembro a
taxa não variou, o cotejo com o mesmo mês do ano passado indica uma
piora da situação. Em outubro de
2002 o desemprego era de 11,2%
contra os 12,9% atuais. O índice vem
se mantendo praticamente o mesmo
desde maio, quando atingiu 12,8%.
O quadro torna-se ainda mais grave quando se observa a renda média
dos trabalhadores. Ela despencou
15,2% em relação a outubro do ano
passado. Na comparação com setembro deste ano, a queda foi de
0,7% -o que, numa leitura otimista,
poderia sugerir um arrefecimento do
processo de deterioração.
Esta Folha não tem nutrido ilusões
sobre as consequências do ajuste
monetário promovido pelo governo
com base numa violenta elevação
dos juros. Que 2003 seria um ano
perdido do ponto de vista da expansão da economia, não era difícil prever -em que pesem anúncios sobre
"espetáculos do crescimento".
Forma-se agora o consenso de que
ao menos uma retomada cíclica da
atividade econômica está a caminho.
A maioria dos analistas aposta num
quadro internacional positivo e em
algumas condições macroeconômicas favoráveis, como os bons saldos
comerciais que vêm sendo obtidos.
Há, no entanto, sérias dúvidas a
respeito das condições para que o
crescimento possa ser mais expressivo e duradouro, com geração de emprego. São ainda uma incógnita o
comportamento do investimento e a
situação da infra-estrutura.
Além disso, persistem justificadas
indagações sobre as linhas mestras
que serão seguidas na política econômica. Ela caminhará na direção de
reduzir a vulnerabilidade da economia e promover a produção e o emprego? Ou continuará limitada, como no passado, a cumprir a agenda
dos mercados financeiros, candidatando-se a repetir a conhecida dinâmica do "vôo da galinha"? São questões cruciais à espera de respostas.
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