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São Paulo, sexta-feira, 28 de novembro de 2003

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À ESPERA DE RESPOSTAS

Depois do decepcionante resultado do PIB do trimestre julho-setembro, novos indicadores do IBGE, desta vez relativos ao emprego e à renda dos trabalhadores no mês de outubro, corroboram a avaliação de que a esperada retomada da economia brasileira vai se dando em ritmo lento, sem impacto significativo no mercado de trabalho.
Se na comparação com setembro a taxa não variou, o cotejo com o mesmo mês do ano passado indica uma piora da situação. Em outubro de 2002 o desemprego era de 11,2% contra os 12,9% atuais. O índice vem se mantendo praticamente o mesmo desde maio, quando atingiu 12,8%.
O quadro torna-se ainda mais grave quando se observa a renda média dos trabalhadores. Ela despencou 15,2% em relação a outubro do ano passado. Na comparação com setembro deste ano, a queda foi de 0,7% -o que, numa leitura otimista, poderia sugerir um arrefecimento do processo de deterioração.
Esta Folha não tem nutrido ilusões sobre as consequências do ajuste monetário promovido pelo governo com base numa violenta elevação dos juros. Que 2003 seria um ano perdido do ponto de vista da expansão da economia, não era difícil prever -em que pesem anúncios sobre "espetáculos do crescimento".
Forma-se agora o consenso de que ao menos uma retomada cíclica da atividade econômica está a caminho. A maioria dos analistas aposta num quadro internacional positivo e em algumas condições macroeconômicas favoráveis, como os bons saldos comerciais que vêm sendo obtidos.
Há, no entanto, sérias dúvidas a respeito das condições para que o crescimento possa ser mais expressivo e duradouro, com geração de emprego. São ainda uma incógnita o comportamento do investimento e a situação da infra-estrutura.
Além disso, persistem justificadas indagações sobre as linhas mestras que serão seguidas na política econômica. Ela caminhará na direção de reduzir a vulnerabilidade da economia e promover a produção e o emprego? Ou continuará limitada, como no passado, a cumprir a agenda dos mercados financeiros, candidatando-se a repetir a conhecida dinâmica do "vôo da galinha"? São questões cruciais à espera de respostas.


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