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DECIFRAR E COMER
"O homem é o que come". A
célebre frase, do filósofo
alemão Ludwig Feuerbach (1804-1872), nunca foi tão verdadeira. Com
efeito, não é apenas o peixe que morre pela boca. A epidemia de obesidade adquire um perfil cada vez mais
alarmante. Ela se tornou global, não
estando mais restrita aos países desenvolvidos. É conhecida a associação da obesidade com maior risco de
diabetes e de doenças coronarianas,
entre outras enfermidades.
Além desse caso, pesquisas realizadas nos últimos anos estabeleceram
uma série de correlações entre hábitos alimentares e o surgimento ou a
prevenção de doenças. O consumo
de sal, por exemplo, está ligado à hipertensão arterial, e determinadas
gorduras agravam as dislipidemias
(excesso de colesterol no sangue).
Não surpreende, portanto, que a medicina enfatize cada vez mais o papel
da boa alimentação para a saúde.
Aparentemente, a população captou os sinais e vem dando mais atenção aos alimentos que consome. De
acordo com pesquisa realizada pelo
IBCA (Instituto Brasileiro de Educação para o Consumo de Alimentos e
Congêneres), 61% dos paulistanos
lêem os rótulos que trazem informações nutricionais. Boa parte, porém,
incorre em erros básicos, como confundir light com diet e crer que essas
duas categorias de alimentos são
destinadas à perda de peso.
Há dois tipos de ações que podem
ajudar os brasileiros a se alimentar
melhor. É preciso, em primeiro lugar, tentar tornar os rótulos mais claros. A menos que o consumidor ande com uma balança e uma máquina
de calcular, terá dificuldades para
descobrir quantas calorias tem aquele biscoito que ele quer comer.
Mais difícil, mas também mais importante, é oferecer aos consumidores um pouco de cultura nutricional.
É sintomático, a esse respeito, que alguns colégios da elite já estejam incluindo a matéria em seus "curricula". Por melhor que seja um rótulo,
ele será inútil se o consumidor hipertenso, por exemplo, não souber que
precisa evitar não só o sal de cozinha
mas tudo o que contenha sódio.
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