São Paulo, domingo, 28 de dezembro de 1997.



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FHC, A INFLAÇÃO E O VOTO


A pesquisa sobre intenção de voto para o pleito presidencial de 1998 que esta Folha publica hoje acaba sendo, acima de tudo, a mais forte evidência de que inflação baixa ainda é um ativo eleitoral formidável para quem é identificado como responsável por ela. No caso do Brasil, o presidente e provável candidato à reeleição Fernando Henrique Cardoso.
Só assim se explica que a intenção de voto em FHC se mantenha rigorosamente inalterada, apesar dos indícios de retração na atividade econômica, como consequência das medidas que o governo adotou para tentar escapar dos efeitos da crise externa.
Em setembro, antes, portanto, da duplicação dos juros, a mais dura reação do governo à crise asiática, dispunham-se a votar em FHC entre 34% e 37% dos eleitores pesquisados. Agora, são entre 33% e 36%, uma variação contida dentro das margens de erro admitidas nesse tipo de levantamento. O eleitor parece dar à estabilidade um valor decisivo, mesmo que haja redução no ritmo da atividade econômica.
De todo modo, há um outro fator a ser considerado para explicar a imutabilidade, até agora, no favoritismo do presidente: a falta de definição a respeito de quais serão, de fato, os seus adversários eleitorais.
A rigor, a candidatura FHC é a única tida como consolidada para 1998. Mesmo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) definiu-se apenas recentemente, e a contragosto, depois de um longo período de hesitações. Os demais nomes -Ciro Gomes, Itamar Franco, José Sarney- ainda não passam de hipóteses à espera de confirmação.
Paulo Maluf emite, de público, todos os sinais de que disputará o governo de São Paulo. Menos, é óbvio, por vontade própria, e muito mais pela avaliação realista de que o consenso armado em torno do Real ainda é sólido demais para que possa ser desafiado. Não obstante, Maluf prossegue de olho no Planalto e, nos bastidores, vem procurando aproximar-se de Antonio Carlos Magalhães a fim de costurar uma eventual aliança alternativa à Presidência caso o Real sofra novos e mais significativos abalos em 98.
De todo modo, dados a indefinição das candidaturas e os dez meses que ainda faltam até a eleição, essas especulações são evidentemente preliminares. Só outras pesquisas dirão se a estabilidade, mesmo com adversários já conhecidos e em campanha, será ou não suficiente para que FHC mantenha até outubro a condição de favorito de que goza hoje.







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