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FHC, A INFLAÇÃO E O VOTO
A pesquisa sobre intenção de voto
para o pleito presidencial de 1998
que esta Folha publica hoje acaba
sendo, acima de tudo, a mais forte
evidência de que inflação baixa ainda
é um ativo eleitoral formidável para
quem é identificado como responsável por ela. No caso do Brasil, o presidente e provável candidato à reeleição Fernando Henrique Cardoso.
Só assim se explica que a intenção
de voto em FHC se mantenha rigorosamente inalterada, apesar dos indícios de retração na atividade econômica, como consequência das medidas que o governo adotou para tentar
escapar dos efeitos da crise externa.
Em setembro, antes, portanto, da
duplicação dos juros, a mais dura
reação do governo à crise asiática,
dispunham-se a votar em FHC entre
34% e 37% dos eleitores pesquisados. Agora, são entre 33% e 36%,
uma variação contida dentro das
margens de erro admitidas nesse tipo de levantamento. O eleitor parece
dar à estabilidade um valor decisivo,
mesmo que haja redução no ritmo da
atividade econômica.
De todo modo, há um outro fator a
ser considerado para explicar a imutabilidade, até agora, no favoritismo
do presidente: a falta de definição a
respeito de quais serão, de fato, os
seus adversários eleitorais.
A rigor, a candidatura FHC é a única
tida como consolidada para 1998.
Mesmo Luiz Inácio Lula da Silva (PT)
definiu-se apenas recentemente, e a
contragosto, depois de um longo período de hesitações. Os demais nomes -Ciro Gomes, Itamar Franco,
José Sarney- ainda não passam de
hipóteses à espera de confirmação.
Paulo Maluf emite, de público, todos os sinais de que disputará o governo de São Paulo. Menos, é óbvio,
por vontade própria, e muito mais
pela avaliação realista de que o consenso armado em torno do Real ainda é sólido demais para que possa ser
desafiado. Não obstante, Maluf prossegue de olho no Planalto e, nos bastidores, vem procurando aproximar-se de Antonio Carlos Magalhães
a fim de costurar uma eventual aliança alternativa à Presidência caso o
Real sofra novos e mais significativos
abalos em 98.
De todo modo, dados a indefinição
das candidaturas e os dez meses que
ainda faltam até a eleição, essas especulações são evidentemente preliminares. Só outras pesquisas dirão se a
estabilidade, mesmo com adversários já conhecidos e em campanha,
será ou não suficiente para que FHC
mantenha até outubro a condição de
favorito de que goza hoje.
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