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PREÇOS À SOLTA
O presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, declarou que
todos precisam ajudar a combater a
inflação, "a começar pelo governo,
que não pode aumentar os preços
por ele administrados".
A declaração coincide com a divulgação de estimativas do Banco Central de alta nos preços de energia elétrica de cerca de 30% em 2003.
Nesse caso, a previsão resulta de estarem os contratos com as empresas
de distribuição de energia elétrica indexados ao IGP-M, uma forma indireta de atrelar ao dólar. Em tese, portanto, o governo nada pode fazer.
No caso dos combustíveis, a perspectiva não é mais animadora. Os
aumentos do petróleo no mercado
internacional já vêm sendo repassados aos preços da energia e novas altas são prováveis. Mas o raio de manobra do governo nesse campo parece limitado a congelar a Cide (Contribuição de Intervenção no Domínio
Econômico, tributo que incide sobre
o preço dos combustíveis).
Imaginar portanto que o governo
possa "fazer a sua parte" para regular
preços exige disposição a intervir nas
regras, por exemplo desdolarizando
contratos em setores estratégicos.
Essa última hipótese pode parecer
"heterodoxa", mas não é impraticável. A proposta de desdolarização da
economia, aliás, tem surgido em outros setores. O futuro presidente do
BC, Henrique Meirelles, tem feito da
desindexação da dívida pública ao
dólar uma de suas metas.
Outro exemplo de que é possível e
desejável mudar as regras em setor
de infra-estrutura vem das telecomunicações. A Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) anunciou
mudanças no sistema de tarifação
das operadoras de telefonia fixa.
O cronograma da mudança é lento
e ela não se concentra no indexador
dos contratos, mas o efeito prático
será reduzir a pressão inflacionária
causada pelos custos da telefonia.
Parece, portanto, possível criar nova política de preços que não seja voluntarista nem se acomode ao atual
modelo de regulação da economia.
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