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A DANÇA DO DÓLAR
A cotação do dólar no Brasil,
desde novembro vem apresentando oscilações fortes a cada dia,
sem definir uma tendência de alta ou
de baixa. Parece haver poucos sinais
de que essa volatilidade será superada nas próximas semanas. Um dos
fatores que tenderão a manter aceso
o nervosismo do mercado, o que
costuma se traduzir em pressões de
alta sobre o dólar, é a iminência de
um conflito armado no Iraque.
É generalizada a impressão de que
o conflito -a depender de sua duração, extensão geográfica e implicações geopolíticas- poderia perturbar a oferta de petróleo. Isso prejudicaria o crescimento global, por criar
pressões inflacionárias que as autoridades econômicas buscariam conter
por meio de aumentos de juros.
A persistência de um quadro de
baixo crescimento global tenderia a
manter elevada a aversão ao risco dos
investidores. Ficaria mais difícil, portanto, uma retomada da oferta de
crédito externo ao Brasil -e é justamente essa retomada a condição básica para que a cotação do dólar possa recuar de maneira sustentada.
Outros focos de incerteza são domésticos. Os índices de preço ao
consumidor deverão, em janeiro, registrar números altos. Estarão associados, em boa medida, aos impactos de aumentos de preços já conhecidos, como o da tarifa de ônibus em São Paulo, ou típicos do início do
ano, como o reajuste anual das mensalidades escolares. Mesmo assim,
poderão alimentar o ceticismo do
mercado quanto à perspectiva de desaceleração da inflação.
Outro tema que poderá provocar
nervosismo, e oscilações do dólar, é
o quadro político após o malogro
das negociações entre PT e PMDB
para a participação desta legenda no
governo Lula. A cúpula peemedebista oscila entre a tendência de manter
o acordo parlamentar com o PT para
as presidências do Congresso e a de
formar um bloco de oposição com
PSDB e PFL. O desfecho dessa pendência pode incutir nos agentes econômicos mais tranquilidade ou mais receio acerca da relação do futuro governo com o Parlamento.
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