São Paulo, sábado, 28 de dezembro de 2002

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A DANÇA DO DÓLAR

A cotação do dólar no Brasil, desde novembro vem apresentando oscilações fortes a cada dia, sem definir uma tendência de alta ou de baixa. Parece haver poucos sinais de que essa volatilidade será superada nas próximas semanas. Um dos fatores que tenderão a manter aceso o nervosismo do mercado, o que costuma se traduzir em pressões de alta sobre o dólar, é a iminência de um conflito armado no Iraque.
É generalizada a impressão de que o conflito -a depender de sua duração, extensão geográfica e implicações geopolíticas- poderia perturbar a oferta de petróleo. Isso prejudicaria o crescimento global, por criar pressões inflacionárias que as autoridades econômicas buscariam conter por meio de aumentos de juros.
A persistência de um quadro de baixo crescimento global tenderia a manter elevada a aversão ao risco dos investidores. Ficaria mais difícil, portanto, uma retomada da oferta de crédito externo ao Brasil -e é justamente essa retomada a condição básica para que a cotação do dólar possa recuar de maneira sustentada.
Outros focos de incerteza são domésticos. Os índices de preço ao consumidor deverão, em janeiro, registrar números altos. Estarão associados, em boa medida, aos impactos de aumentos de preços já conhecidos, como o da tarifa de ônibus em São Paulo, ou típicos do início do ano, como o reajuste anual das mensalidades escolares. Mesmo assim, poderão alimentar o ceticismo do mercado quanto à perspectiva de desaceleração da inflação.
Outro tema que poderá provocar nervosismo, e oscilações do dólar, é o quadro político após o malogro das negociações entre PT e PMDB para a participação desta legenda no governo Lula. A cúpula peemedebista oscila entre a tendência de manter o acordo parlamentar com o PT para as presidências do Congresso e a de formar um bloco de oposição com PSDB e PFL. O desfecho dessa pendência pode incutir nos agentes econômicos mais tranquilidade ou mais receio acerca da relação do futuro governo com o Parlamento.


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