São Paulo, domingo, 28 de dezembro de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

KENNEDY ALENCAR

O próximo presidente

BRASÍLIA - O Brasil teve sorte nos últimos 15 anos. Itamar Franco cumpriu bem o mandato-tampão pós-Collor, bancando o Plano Real. O país melhorou sob FHC e Lula. Da estabilidade econômica, chegamos a um mercado interno e a uma dívida pública desdolarizada que nos ajudam a amenizar a crise internacional. Temos uma rede social que ampara os mais pobres.
Claro que saúde, segurança e educação continuam débeis. Mas é bom ver que são respeitáveis os principais políticos que podem virar presidente em 2010: José Serra, Aécio Neves e Dilma Rousseff. Ciro Gomes, também respeitável, tende a coadjuvar o governador de Minas ou a ministra da Casa Civil. A opção de Lula por Dilma desidrata Ciro.
Nomes bons, mas debate pobre a respeito dos próximos passos. Serra, Aécio e Dilma entoam o discurso da boa gerência que priorizará o social. Enfim, todos a favor da luz elétrica e da água encanada.
Serra não dá um pio sobre o Mercosul. Ele é contra. Acha que o bloco com Argentina, Uruguai e Paraguai atrasa o Brasil. Defende acordos bilaterais com EUA, França, Rússia. Serra, que manteria em rédea curta a Fazenda e o Banco Central, teme atacar duramente o que julga erros da política econômica. Ele ganha com a crise, mas não deseja parecer que torce contra.
A exemplo de Serra, Dilma avalia que Lula deixa meio solto o Banco Central. Não está claro o que seria a continuidade do governo petista sob sua batuta. Ela depende muito da força de Lula, que seria uma sombra em sua administração.
O tucano Aécio flerta com o PMDB, num jogo duplo que trava Serra ao impedir a definição do cenário da sucessão. Recorre ao surrado discurso das reformas nunca aprovadas por FHC e Lula, mas é o nome do coração de certo centrão congressual que nunca vota tais reformas. Armínio Fraga, ex-Banco Central, seria seu ministro da Fazenda, mas ele esconde o jogo.
Os candidatos precisam sair do armário. Está faltando debate.


Texto Anterior: São Paulo - Clóvis Rossi: O horror e a ternura
Próximo Texto: Rio de Janeiro - Carlos Heitor Cony: O sol por comissão
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.