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KENNEDY ALENCAR
O próximo presidente
BRASÍLIA - O Brasil teve sorte
nos últimos 15 anos. Itamar Franco
cumpriu bem o mandato-tampão
pós-Collor, bancando o Plano Real.
O país melhorou sob FHC e Lula.
Da estabilidade econômica, chegamos a um mercado interno e a uma
dívida pública desdolarizada que
nos ajudam a amenizar a crise internacional. Temos uma rede social
que ampara os mais pobres.
Claro que saúde, segurança e
educação continuam débeis. Mas é
bom ver que são respeitáveis os
principais políticos que podem virar presidente em 2010: José Serra,
Aécio Neves e Dilma Rousseff. Ciro
Gomes, também respeitável, tende
a coadjuvar o governador de Minas
ou a ministra da Casa Civil. A opção
de Lula por Dilma desidrata Ciro.
Nomes bons, mas debate pobre a
respeito dos próximos passos. Serra, Aécio e Dilma entoam o discurso
da boa gerência que priorizará o social. Enfim, todos a favor da luz elétrica e da água encanada.
Serra não dá um pio sobre o Mercosul. Ele é contra. Acha que o bloco
com Argentina, Uruguai e Paraguai
atrasa o Brasil. Defende acordos bilaterais com EUA, França, Rússia.
Serra, que manteria em rédea curta
a Fazenda e o Banco Central, teme
atacar duramente o que julga erros
da política econômica. Ele ganha
com a crise, mas não deseja parecer
que torce contra.
A exemplo de Serra, Dilma avalia
que Lula deixa meio solto o Banco
Central. Não está claro o que seria a
continuidade do governo petista
sob sua batuta. Ela depende muito
da força de Lula, que seria uma
sombra em sua administração.
O tucano Aécio flerta com o
PMDB, num jogo duplo que trava
Serra ao impedir a definição do cenário da sucessão. Recorre ao surrado discurso das reformas nunca
aprovadas por FHC e Lula, mas é o
nome do coração de certo centrão
congressual que nunca vota tais reformas. Armínio Fraga, ex-Banco
Central, seria seu ministro da Fazenda, mas ele esconde o jogo.
Os candidatos precisam sair do
armário. Está faltando debate.
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