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Gestão preventiva
Monitorar o avanço do crédito consignado é importante para evitar, no futuro, uma crise "subprime" no Brasil
O PRESIDENTE do Banco
Central, Henrique
Meirelles, no Fórum
Econômico Mundial,
em Davos, cogitou da adoção de
medidas preventivas, anticrise,
no sistema financeiro nacional.
O objetivo seria aprimorar as regras atuais diante da ameaça de
contágio pela crise de crédito desencadeada nos
Estados Unidos.
O presidente do BC sugeriu
reformar as normas que determinam a alocação de capital
próprio dos bancos em relação
aos riscos incorridos em cada
operação. Hoje os bancos brasileiros avaliam os
diversos riscos envolvidos em suas operações e
reservam pelo menos 11% do seu
capital para compor uma espécie
de seguro contra calotes.
Grosso modo, em uma operação de empréstimo de R$ 100, a
instituição bancária deve manter
R$ 11 em caixa livres para uso
imediato. Essas regras, na verdade, já estão em processo de modificação gradual, na direção do
chamado Acordo de Capital de
Basiléia 2, que o BC brasileiro
pretende implantar até 2011.
O conjunto do sistema bancário brasileiro mantinha em junho de 2007 -último dado disponível- 18,8% de seus recursos nesse fundo anticrise. Portanto,
os bancos nacionais operam com
níveis de segurança acima do exigido pela regulamentação.
Com a emergência da crise dos
empréstimos para a casa própria
nos EUA, é natural que as bases
da vigorosa expansão do crédito
no Brasil comecem a ser questionadas. As dívidas das pessoas físicas se expandem desde abril de
2003, inicialmente sob o impulso do crédito consignado e para a
aquisição de bens e, depois, para
a compra de imóveis.
No ano passado, o empréstimo
com desconto em folha para aposentados do INSS e servidores
públicos cresceu 32,1%; o para
trabalhadores do setor privado,
37,1%. São taxas muito expressivas que, se não
forem acompanhadas da expansão do emprego e da renda,
podem comprometer o orçamento doméstico de milhões de
famílias brasileiras no futuro.
Em novembro de 2007, o índice de inadimplência médio das operações com as
pessoas físicas era de 7,1%, segundo o BC. Nada alarmante,
diante das perspectivas de manutenção de um bom desempenho da atividade econômica.
Já se observa, contudo, uma ligeira elevação nas taxas de juros
nos mercados futuros e uma redução nos prazos para aquisição
de veículos. É prudente monitorar esses movimentos e evitar a
proliferação de operações "subprime" (alto risco) no país -sobretudo envolvendo os aposentados no crédito consignado.
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