São Paulo, quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

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KENNETH MAXWELL

Problemas no golfo Pérsico

O NOVO GOVERNO dos EUA herdou as consequências da invasão do Iraque por George W. Bush. O presidente Barack Obama prometeu, durante sua campanha eleitoral, enfrentar o problema do Iraque por meio de uma retirada de forças de combate norte-americanas em 16 meses e da rápida substituição das tropas dos EUA por tropas iraquianas.
Mas as Forças Armadas norte-americanas realizaram um pesado esforço no Iraque ao longo dos seis últimos anos em termos de verbas, de material bélico e das vidas de jovens soldados. Hoje há 146 mil soldados norte-americanos no país. Encerrar esse capítulo arrogante da história dos EUA não será fácil.
Neste sábado ocorrerão eleições provinciais no Iraque. O ambiente geral de segurança, porém, continua precário, para dizer o mínimo. Acordos locais com líderes tribais acalmaram a violência em certas áreas do país e de maneira clara, se levarmos em conta a situação que existia no ano passado. Em muitas cidades, as tropas dos EUA monitoram um frágil impasse entre facções iraquianas. Qualquer partida abrupta -ao menos na opinião de diversos dos comandantes das forças presentes no país- precipitaria uma nova onda de violência entre facções religiosas e etnias.
O problema do Iraque é que seu futuro está vinculado à política dos EUA para com o Irã. Caso os líderes norte-americanos consigam promover uma reaproximação com Teerã, e especialmente se conseguirem pôr fim aos esforços iranianos de adquirir armas nucleares, algumas dessas tensões poderão começar a ser resolvidas. Mas negociar com Teerã tem se provado impossível desde a revolução islâmica iraniana.
A culpa por isso cabe aos dois lados. Que George W. Bush tenha incluído o Irã no "eixo do mal" sem medir as consequências de suas palavras decerto não ajudou muito. E ele o fez no exato momento em que membros de um governo iraniano mais moderado estavam tentando estender um ramo de oliveira a Washington e receberiam com agrado a possibilidade de um diálogo. A nova liderança que assumiu em Washington oferece uma oportunidade de reconsiderar alguns desses entraves. Nesta segunda-feira, o presidente Obama disse ao canal de TV Al Arabiya que está disposto a dialogar com o Irã.
Mas as perspectivas continuam sombrias. É improvável que o novo governo dos EUA cumpra suas promessas de se retirar do Iraque de maneira ordenada e de acordo com um cronograma preciso. E é improvável que o Irã feche com os EUA um acordo que envolva o abandono da opção nuclear.


KENNETH MAXWELL escreve às quintas-feiras

Tradução de PAULO MIGLIACCI


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