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KENNETH MAXWELL
Problemas no golfo Pérsico
O NOVO GOVERNO dos EUA
herdou as consequências da
invasão do Iraque por George W. Bush. O presidente Barack
Obama prometeu, durante sua
campanha eleitoral, enfrentar o
problema do Iraque por meio de
uma retirada de forças de combate
norte-americanas em 16 meses e
da rápida substituição das tropas
dos EUA por tropas iraquianas.
Mas as Forças Armadas norte-americanas realizaram um pesado
esforço no Iraque ao longo dos seis
últimos anos em termos de verbas,
de material bélico e das vidas de jovens soldados. Hoje há 146 mil soldados norte-americanos no país.
Encerrar esse capítulo arrogante
da história dos EUA não será fácil.
Neste sábado ocorrerão eleições
provinciais no Iraque. O ambiente
geral de segurança, porém, continua precário, para dizer o mínimo.
Acordos locais com líderes tribais
acalmaram a violência em certas
áreas do país e de maneira clara, se
levarmos em conta a situação que
existia no ano passado. Em muitas
cidades, as tropas dos EUA monitoram um frágil impasse entre facções iraquianas. Qualquer partida
abrupta -ao menos na opinião de
diversos dos comandantes das forças presentes no país- precipitaria
uma nova onda de violência entre
facções religiosas e etnias.
O problema do Iraque é que seu
futuro está vinculado à política dos
EUA para com o Irã. Caso os líderes norte-americanos consigam
promover uma reaproximação
com Teerã, e especialmente se conseguirem pôr fim aos esforços iranianos de adquirir armas nucleares, algumas dessas tensões poderão começar a ser resolvidas. Mas
negociar com Teerã tem se provado impossível desde a revolução islâmica iraniana.
A culpa por isso cabe aos dois lados. Que George W. Bush tenha incluído o Irã no "eixo do mal" sem
medir as consequências de suas palavras decerto não ajudou muito. E
ele o fez no exato momento em que
membros de um governo iraniano
mais moderado estavam tentando
estender um ramo de oliveira a
Washington e receberiam com
agrado a possibilidade de um diálogo. A nova liderança que assumiu
em Washington oferece uma oportunidade de reconsiderar alguns
desses entraves. Nesta segunda-feira, o presidente Obama disse ao
canal de TV Al Arabiya que está
disposto a dialogar com o Irã.
Mas as perspectivas continuam
sombrias. É improvável que o novo
governo dos EUA cumpra suas promessas de se retirar do Iraque de
maneira ordenada e de acordo com
um cronograma preciso. E é improvável que o Irã feche com os
EUA um acordo que envolva o
abandono da opção nuclear.
KENNETH MAXWELL escreve às quintas-feiras
Tradução de PAULO MIGLIACCI
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