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CLÓVIS ROSSI
Crimes, pequenos ou grandes
SÃO PAULO - À primeira vista, parece exagerada a suspeição em torno do vereador petista Antônio Donato, responsável pela contratação
da Finatec -a mais recente grife na
coleção de firmas envolvidas em
trambiques ou suspeitas fortes. A
empresa deveria elaborar modelo
de gestão das administrações regionais paulistanas quando Donato
era secretário das Subprefeituras
(governo Marta Suplicy).
Afinal, Donato recebeu uma doação de meros R$ 4 mil da Pro-Sistemas, subcontratada pela Finatec. É
muito improvável que um político
se venda tão barato, mesmo sendo
um político brasileiro, dos quais se
espera tudo, inclusive vender-se a
baixo preço.
Mas um segundo exame de toda a
história e do ambiente político geral torna lógicas as suspeitas.
Primeiro, uma prefeitura como a
de São Paulo, ou tem capacidade interna para criar modelos de gestão,
ou é melhor fechar as portas (vale
para todos os prefeitos).
Ao terceirizar tais serviços, o poder público abre espaço para subterceirizações, criando-se tal teia
de interesses e pagamentos que escapam ao controle do distinto público e até dos contratantes, no
pressuposto de que estes tenham
agido de boa-fé.
Nos buracos dessa teia, infiltram-se especialistas como o petista Luiz
Antônio Melhado, dono da empresa Pro-Sistemas, que trabalhou
com diferentes prefeituras (do PT,
claro, nem precisaria dizer), de Santos a Fortaleza.
Ou é um gênio em gestão pública,
hipótese que lhe deveria valer um
posto no ministério de Lula, claramente carente nessa área, ou é apenas um campeão das "boquinhas",
como Anthony Garotinho uma vez
definiu o PT.
Como o presidente jamais condenou os trambiques anteriores de
petistas e aliados, só podia mesmo
prosperar esse ambiente embaçado, sejam as quantias grandes, sejam as pequenas.
crossi@uol.com.br
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