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O erro de Marcelândia
COMEÇA A contar segunda-feira o prazo de 30 dias para recadastramento de
grandes propriedades rurais nos
36 municípios que mais desmatam na Amazônia Legal. Com a
localização precisa desses imóveis, o governo federal planeja
cotejá-los com imagens de satélite de áreas devastadas, para
identificar responsáveis. É o Estado que chega, enfim, aos grotões do país, mas não sem encontrar resistência.
Marcelândia, em Mato Grosso,
encabeça a lista. No Estado governado por Blairo Maggi (PR-MT), aliado de Lula, estão outros
18 municípios da relação. É o
campeão.
Não estranha, assim, que a Secretaria estadual de Meio Ambiente tenha saído em defesa de
Marcelândia. Alardeou-se erro
"de 100%" nas áreas ali desmatadas no período recente, segundo
o Inpe (Instituto Nacional de
Pesquisas Espaciais). As matas
estariam todas de pé.
Ceticismo é o mínimo recomendável diante da alegação
mato-grossense. Em primeiro
lugar, o governo de Maggi não se
queixava quando o Inpe ainda
apontava queda no desmate, só
após o recrudescimento flagrado
por satélites. Depois, é sintomático acusar o erro crasso bem na
véspera da exigência federal.
O Inpe tem duas décadas de
aplicação do sensoriamento remoto em vigilância da floresta.
Destaca-se como liderança mundial no setor. Não está isento de
falhas, decerto, mas controvérsias metodológicas como essa se
resolvem com dados escrutinados por especialistas independentes, não técnicos a mando do
governador interessado.
A tarefa que se impôs o governo federal nada terá de pacífica.
O Instituto do Homem e do Meio
Ambiente da Amazônia (Imazon) publicou relatório segundo
o qual, em 2003, o Incra tinha
302 mil registros de posse -cerca de 42 milhões de hectares, ou
23,7% da área de imóveis rurais
amazônicos cadastrados- sem
documentação oficial.
São terras públicas ocupadas
de modo indevido, em área equivalente aos territórios de São
Paulo, Rio de Janeiro, Espírito
Santo e Paraíba. A coisa certa a
fazer, ali, é retomar a terra ou
exigir pagamento por ela. Impor
a lei, enfim, como já se faz com a
apreensão da madeira ilegal em
Tailândia (PA).
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