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NELSON MOTTA
Descontrole remoto
RIO DE JANEIRO - O melhor e
mais eficiente meio de controle de
uma TV pública é o acesso permanente do público aos seus dados de
audiência. Quantas pessoas estavam assistindo a qual programa, em
que cidades e bairros, a que classes
socioeconômicas pertencem? Não
bastam o controle das despesas e
investimentos, da neutralidade e
independência da informação. É
fundamental a cobrança dos resultados da aplicação do dinheiro público: num meio de comunicação de
massa, o resultado é a audiência
qualificada. Mas ninguém fala disso, é como se fosse um segredo de
Estado.
Se, para as emissoras comerciais,
os índices de audiência valem dinheiro, para as TVs públicas valem
mais: significam que ela está cumprindo a sua finalidade de fazer
uma boa programação para o público que paga a conta.
Em emissoras comerciais, programas que dão traço, zero de audiência, que literalmente ninguém
vê, saem do ar, por inúteis. Por que
continuam em TVs públicas e estatais? Nem falo de audiências micro
ou mínimas, de ínfimas minorias de
espectadores, em um universo de
180 milhões de cidadãos, mas do zero absoluto, que significa a rejeição
total dos espectadores àquele programa. E há inúmeros nessas condições. Para quê? Por quê?
O patrocinador de uma TV pública é... o público, com o dinheiro de
seus impostos. Se os contribuintes
não estão vendo o que a sua TV está
lhes oferecendo, o problema não é
deles, é da TV.
Só não dá para proibir as outras
emissoras de fazerem programas
melhores. Ou obrigar o público a
ver o que não quer por decreto ou
medida provisória. Antes de qualquer discussão honesta, é preciso
saber quantos estão vendo o quê. E
quantos não estão vendo, e por quê.
Encarar a realidade para tentar mudá-la, com trabalho e competência.
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