São Paulo, quarta-feira, 29 de março de 2000


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PAINEL DO LEITOR

Pedido franco

"Prezado sr. Jorge Yunes:
Sou um engenheiro com 34 anos. Apesar de ser relativamente moço, tenho 12 anos de formado, pós-graduação em administração na Fundação Getúlio Vargas e começo o curso de MBA na metade deste ano. Já atuei em conceituadas empresas nacionais e hoje trabalho numa sólida e estável empresa multinacional. Não sou nenhum malandro, muito menos vigarista. Venho, portanto, por meio desta, solicitar o empréstimo de R$ 800 mil. Pelo que tem sido veiculado pela imprensa, o senhor é um empresário extremamente benemérito, logo, apresento todas as condições para receber tal empréstimo. Parte desta dívida (R$ 100 mil) será paga por uma consultoria em artes, pois creio possuir maiores conhecimentos nessa área do que a nossa ex-primeira-dama. O saldo da dívida pagarei quando puder. Atenciosamente, Edgar."
Edgar Sacchi Correia (São Paulo, SP)

Editorial

"Pelo editorial de 24/3 ("Internet paga'), percebe-se o quão retrógrada está a Folha. Este é um dos poucos jornais disponíveis na Internet apenas para assinantes da Folha ou UOL, indo na contramão dos grandes jornais. Enquanto "The New York Times", "Le Monde" e mesmo "O Estado de S. Paulo" já estão disponíveis para ser lidos na palma da mão em palmtops, a Folha continua nessa mesquinharia, pondo em dúvida a possibilidade da Internet grátis."
Luiz Carlos Carvalhaes de Faria (Houston, Texas, EUA)

Parceria

"Esclareço que o Programa Brasileiro de Ecologia Molecular para Uso Sustentável da Biodiversidade da Amazônia (Probem da Amazônia) não determinou que qualquer grupo ou laboratório firme parceria com a Organização Social Bioamazônia, conforme reportagem a respeito de expedição do médico Drauzio Varella à Amazônia, publicada no jornal Folha no dia 12/3. Aproveito a oportunidade para informar que essa matéria depende de regulamentação a ser aprovada pelo Congresso Nacional, no âmbito da Lei de Acesso a Recursos Genéticos."
Mary Helena Allegretti, secretária de Coordenação da Amazônia (Brasília, DF)
Nota da Redação - Leia a seção "Erramos", abaixo.

Volta nada triunfal

"O fato de Pitta retornar à prefeitura, depois de sair na última sexta-feira pela porta dos fundos do palácio, é deplorável. No entanto, mais deplorável é a declaração dele dizendo que retornou obedecendo ao clamor popular. Como se pode observar, nosso amigo é um pupilo muito aplicado de Paulo Maluf. Aprendeu bem a ser cínico."
Claudio Moraes Carvalho (São Paulo,SP)

Dívida

"A reportagem "Receita aplica multa de R$ 72 mil a TRT" (Brasil, 22/3) comenta fatos em torno da notícia de que o Tribunal Regional do Trabalho da 15ª Região teria sido multado em R$ 72 milhões por falta de recolhimento de Imposto de Renda e contribuições previdenciárias.
Aceitou-se como verdade na produção da notícia que este tribunal deve tal quantia e, em consequência, foi punido. Na realidade, o tribunal nada deve ao Fisco desde janeiro deste ano.
Houve, sim, um atraso nos repasses. Atraso que, diga-se de passagem, foi informado pelo próprio tribunal à Receita Federal. O único fato novo a registrar-se neste mês de março foi o pagamento dos juros referentes ao atraso mencionado.
Não se sabe ao certo por que, meses depois da antiga dívida paga, a Receita decidiu cobrar publicamente o que já recebera. O fato é que tal "denúncia" acabou por envolver o tribunal em um escândalo que se escorou em uma informação equivocada: a de que o TRT da 15ª Região deve ao Fisco."
Eurico Cruz Neto, juiz presidente do Tribunal Regional do Trabalho da 15ª Região (Campinas, SP)
Resposta do jornalista Gilberto Dimenstein - A multa lavrada pela Receita Federal foi no valor de R$ 72 milhões, referentes a atrasos desde 1995, anteriores, portanto, à gestão do presidente Eurico Cruz Neto. Na reportagem, o missivista informou que a dívida era de somente R$ 14 milhões, o que a Receita contesta. Para dirimir as dúvidas, o presidente do Superior Tribunal do Trabalho, Wagner Pimenta, criou uma comissão para investigar o caso. A essência da reportagem, entretanto, é que o Tribunal Regional do Trabalho apropriou-se indebitamente dos recursos do Fisco e da Previdência.

Esclarecimento

"Em relação à reportagem "Desembargador é primo de devedor" (Brasil, 27/3), sobre o empréstimo do advogado Jorge Yunes a mim, quero esclarecer: 1º) o empréstimo é real e não vejo qualquer problema ético, jurídico ou fiscal em tê-lo contraído, até porque tenho bens que respondem a ele; 2º) meu prezado amigo, o empresário Jorge Yunes, jamais me solicitou favor político ou de qualquer outra ordem; 3º) o desembargador Hermes Pinotti -que além de meu parente distante é um amigo próximo que respeito e admiro pela sua carreira brilhante e impoluta no Judiciário- não tinha nenhuma informação sobre o empréstimo, a respeito do que jamais falamos; 4º) para poupar mais aborrecimentos à minha família, estou providenciando um empréstimo bancário para saldá-lo rapidamente. Finalizando, acrescento que em hipótese nenhuma interferiria a favor de Celso Pitta, cuja atuação deplorável na prefeitura jamais apoiei."
José Aristodemo Pinotti, professor titular de ginecologia da Faculdade de Medicina da USP (São Paulo, SP)


Comparação infeliz

"Que perturbador ler no Mais! de 12/3 um artigo sobre a pesquisa de sociobiologia que afirma que o estupro é "natural'! Pior ainda é que a conclusão seja inferida para a espécie humana pelo estudo do comportamento das moscas... Será que é mesmo possível falar em "estupro" entre moscas?
A antropologia social e cultural já muito rebateu a idéia de que vários comportamentos humanos seriam da ordem da natureza. É de especial relevância a idéia de que a cultura atua inclusive nos comportamentos vistos como mais próximos da natureza: nas práticas sexuais, de casamento, nas regras de parentesco, técnicas de parto. Dizer que vários comportamentos vêm apenas da natureza, como fazem muitos estudos de sociobiologia, parece um tanto simplista e cego a toda a cultura contemporânea, aos apelos da mídia e da publicidade e à realidade social e cultural que vivemos hoje. Por esse motivo, dizer que o estupro é "natural" (com o risco político de igualar o sentido do termo "natural" à palavra "normal') é imensa bobagem, já que o comportamento humano não é regido apenas pelas regras da natureza."
Heloisa Buarque de Almeida, professora e doutoranda em antropologia na Unicamp (Campinas, SP)



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