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Modelos em xeque
A ECONOMIA brasileira terá
condições de crescer a taxas altas (5% ao ano) apenas quando os gastos com investimento produtivo chegarem
perto de 25% do PIB. A divulgação dos dados revisados das contas nacionais, finalizada ontem
pelo IBGE, coloca em xeque tal
postulado -que possuía valor de
consenso entre analistas econômicos da direita à
esquerda.
Nos quatro anos
encerrados em
dezembro passado, o Brasil cresceu à média anual
de 3,3%, embora o
dispêndio com
novas fábricas,
máquinas, residências etc. tenha
sido, em média,
de 16,1% do PIB. A
combinação desses dois números seria quase um anátema para
os modelos econométricos empregados até então.
Tais arranjos matemáticos, conhecidos no jargão como "PIB
potencial" ou "hiato do produto", prediziam que o país dificilmente poderia crescer acima de
3% ao ano sem pressões inflacionárias. Pois em 2006 a produção
se expandiu a 3,7%, mas a inflação (3,1%, pelo IPCA) caiu em relação a 2005, registrou o menor
valor desde 1998 e hoje continua
em descenso, no acumulado de
12 meses.
Os dados trimestrais de 2006
recalculados mostram que a economia terminou o ano em moderado aquecimento (0,9% na pas-
sagem do terceiro
para o quarto trimestre). Num passo bem mais acelerado evoluem os
gastos com investimentos. Eles se
expandiram ao ritmo de 1,8% no último quarto do ano
e continuaram em
alta no início de
2007, atestam números recentes.
É imprescindível que as autoridades econômicas revejam os
seus modelos e os seus procedimentos à luz dessas novas cifras.
Excetuada a hipótese de uma crise internacional, nada impede a
economia do Brasil de acelerar
seu crescimento, com redução
dos juros domésticos e sem açular a inflação.
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