São Paulo, quinta-feira, 29 de março de 2007

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Modelos em xeque

A ECONOMIA brasileira terá condições de crescer a taxas altas (5% ao ano) apenas quando os gastos com investimento produtivo chegarem perto de 25% do PIB. A divulgação dos dados revisados das contas nacionais, finalizada ontem pelo IBGE, coloca em xeque tal postulado -que possuía valor de consenso entre analistas econômicos da direita à esquerda.
Nos quatro anos encerrados em dezembro passado, o Brasil cresceu à média anual de 3,3%, embora o dispêndio com novas fábricas, máquinas, residências etc. tenha sido, em média, de 16,1% do PIB. A combinação desses dois números seria quase um anátema para os modelos econométricos empregados até então.
Tais arranjos matemáticos, conhecidos no jargão como "PIB potencial" ou "hiato do produto", prediziam que o país dificilmente poderia crescer acima de 3% ao ano sem pressões inflacionárias. Pois em 2006 a produção se expandiu a 3,7%, mas a inflação (3,1%, pelo IPCA) caiu em relação a 2005, registrou o menor valor desde 1998 e hoje continua em descenso, no acumulado de 12 meses.
Os dados trimestrais de 2006 recalculados mostram que a economia terminou o ano em moderado aquecimento (0,9% na pas- sagem do terceiro para o quarto trimestre). Num passo bem mais acelerado evoluem os gastos com investimentos. Eles se expandiram ao ritmo de 1,8% no último quarto do ano e continuaram em alta no início de 2007, atestam números recentes.
É imprescindível que as autoridades econômicas revejam os seus modelos e os seus procedimentos à luz dessas novas cifras. Excetuada a hipótese de uma crise internacional, nada impede a economia do Brasil de acelerar seu crescimento, com redução dos juros domésticos e sem açular a inflação.


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