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CARLOS HEITOR CONY
Tropa de choque
RIO DE JANEIRO - Ninguém escondeu, nem mesmo o próprio presidente da República: o novo ministério, que é o velho ministério recauchutado, não é uma equipe executiva para levar o governo a algum
desempenho específico. Evidente
que os ministros despacharão, assinarão processos, farão declarações
disso e daquilo, mas o critério que
os escolheu, além de ser político (o
que é natural), é sobretudo tático.
Com a experiência do mandato
anterior, Lula tentou garantir uma
base aliada no Congresso, não só
para votar projetos do governo mas
para impedir a criação de CPIs. Cada ministro representa, em tese, determinado número de votos no plenário das duas Casas do Legislativo.
Não é nada, ele passou raspando
pelo impeachment com as comissões anteriores -foi salvo porque a
oposição parece que se contentou
com a cassação de José Dirceu e
com o terremoto que sacudiu o PT,
degolando a cabeça de notáveis
parceiros de Lula.
Não se sabe o que vem pela frente, e o governo precisa da maioria
estável para não repetir o vexame
do mensalão -dinheiro grosso que
corria a cada votação de interesse
do Planalto.
Além de medida preventiva, ao
garantir a maioria, Lula terá espaço
para articular a mudança na Constituição que lhe garanta um terceiro
mandato. Tem tempo para isso e
trunfos. Mudará os ministros que
não lhe tragam votos concretos na
hora adequada.
Em princípio, não há na nova
equipe um candidato a superministro. Os dois anteriores (Dirceu e Palocci) foram ceifados, serviram de
escudo para proteger a figura central do governo. Mesmo assim, houve momentos em que a coisa parecia balançar. Lula escapou porque,
entre outras coisas, além de garantir que não sabia de nada, não se
empenhou em defender os dois cabeças de seu governo anterior.
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