São Paulo, domingo, 29 de março de 2009

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Editoriais

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Casuísmo na Argentina

O SENADO argentino acaba de aprovar a antecipação das eleições legislativas nacionais, que ocorreriam em outubro. O pleito, que renovará metade da Câmara e um terço do Senado, foi adiantado em quatro meses, para 28 de junho. O governo se empenhou na manobra, e a presidente, Cristina Kirchner, obteve a homologação pelas duas Casas do Legislativo 13 dias após ter proposto a medida.
Há um mês a Casa Rosada demonstrou indignação com as declarações do novo diretor da CIA, apontando risco de instabilidade política no país em razão de dificuldades econômicas. A presidente, contudo, não se incomoda de usar o mesmo argumento, agora a seu favor, para justificar a antecipação do pleito.
O casuísmo busca reverter a deterioração política de um governo que desde sua posse, no final de 2007, vê a popularidade cair. O crescimento acelerado dos últimos cinco anos, lastreado no aumento do preço das exportações, foi acompanhado por decisões populistas e imprudentes.
Entre as medidas mais impopulares estão a reestatização dos fundos previdenciários privados e a tentativa de aumentar tributos de exportadores agrícolas.
A antecipação açodada da eleição é uma resposta do governo à tentativa da oposição de se reorganizar contra os Kirchner (Néstor, presidente até 2007, deve sair candidato a deputado). Manobra lamentável para um país com a importância da Argentina.


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