|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Editoriais
editoriais@uol.com.br
Casuísmo na Argentina
O SENADO argentino acaba
de aprovar a antecipação
das eleições legislativas
nacionais, que ocorreriam em
outubro. O pleito, que renovará
metade da Câmara e um terço do
Senado, foi adiantado em quatro
meses, para 28 de junho. O governo se empenhou na manobra,
e a presidente, Cristina Kirchner, obteve a homologação pelas
duas Casas do Legislativo 13 dias
após ter proposto a medida.
Há um mês a Casa Rosada demonstrou indignação com as declarações do novo diretor da CIA,
apontando risco de instabilidade
política no país em razão de dificuldades econômicas. A presidente, contudo, não se incomoda
de usar o mesmo argumento,
agora a seu favor, para justificar a
antecipação do pleito.
O casuísmo busca reverter a
deterioração política de um governo que desde sua posse, no final de 2007, vê a popularidade
cair. O crescimento acelerado
dos últimos cinco anos, lastreado
no aumento do preço das exportações, foi acompanhado por decisões populistas e imprudentes.
Entre as medidas mais impopulares estão a reestatização dos
fundos previdenciários privados
e a tentativa de aumentar tributos de exportadores agrícolas.
A antecipação açodada da eleição é uma resposta do governo à
tentativa da oposição de se reorganizar contra os Kirchner (Néstor, presidente até 2007, deve
sair candidato a deputado). Manobra lamentável para um país
com a importância da Argentina.
Texto Anterior: Editoriais: Atrás das grades Próximo Texto: Londres - Clóvis Rossi: A pedagogia da rua Índice
|