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MARINA SILVA
Cidades sustentáveis
SUSTENTABILIDADE É A palavra-chave para todo empreendimento, todo processo
produtivo e toda solução urbana do
século 21. Não teremos rios limpos
sem saneamento básico. Não teremos cidades com qualidade de vida
sem planejamento urbano e integração à natureza. Não teremos desenvolvimento econômico sem
meio ambiente equilibrado.
Já um pouco tarde, as grandes
metrópoles do mundo parecem ter
percebido isso. Descobriu-se que a
boa cidade é aquela que integra
seus habitantes, que respeita o
meio ambiente, que destina adequadamente o lixo, que oferece
moradia, água, saneamento básico,
transporte eficiente e menos poluente e se prepara também para
os seus futuros moradores.
As cidades brasileiras, ao crescerem rápido demais e sem planejamento, reproduziram injustiças e
desigualdades sociais, potencializando a pobreza e a violência. E,
sem levar em conta a sustentabilidade, têm se tornado cada vez mais
excludentes, pois as soluções da
engenharia e os investimentos públicos nem sempre obedecem ao
critério do bem-estar de toda a
população.
Não é fácil, mas é possível, para
uma nação emergente como o Brasil, com demandas legítimas de
crescimento e com mazelas antigas
a serem equacionadas, trilhar o caminho inovador da sustentabilidade. Temos de aproveitar as oportunidades -que no país são imensas,
devido à carência estrutural em
muitas áreas- e mudar os velhos
modelos. Infelizmente, muitos
querem continuar repetindo os erros de sempre. Mas políticas públicas devem ser dirigidas para uma
nova realidade socioambiental.
Na semana passada, o Rio de Janeiro sediou o Forum Urbano
Mundial (ONU Habitat), principal
evento de urbanismo do mundo.
Logo na abertura, uma notícia
ruim. Um relatório revelou que,
das 20 cidades mais desiguais do
planeta, cinco são brasileiras:
Goiânia, Belo Horizonte, Fortaleza, Brasília e Curitiba. A boa nova
surgiu ao final, com o lançamento
da Campanha Urbana Mundial, para envolver os governos locais e nacionais, setor privado e organizações da sociedade civil na adoção
de práticas sustentáveis e democráticas, um instrumento importante para melhorarmos a vida nas
nossas cidades.
É o que a população quer e espera. Quando os governos intervêm
para resolver os problemas urbanos, não podem deixar de lado as
ideias e os projetos provenientes
de iniciativas da sociedade, como
do Movimento Nossa São Paulo e
de muitos outros espalhados pelo
país. Somente unindo forças poderemos mudar a realidade de nossas
cidades. Sem isso, estaremos caminhando para trás, deixando passivos ambientais e sociais cada vez
maiores.
contatomarinasilva@uol.com.br
MARINA SILVA escreve às segundas-feiras nesta
coluna.
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