São Paulo, sábado, 29 de abril de 2000


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TENSÃO NO CAMPO

O Pontal do Paranapanema, no extremo oeste do Estado de São Paulo, transforma-se novamente em uma região de conflito iminente entre representantes de sem-terra e de proprietários rurais. Diante de ameaças de invasão de terras por grupos relacionados ao MST, fazendeiros da região, ligados à União Democrática Ruralista, estão se armando. Esta Folha apurou que alguns proprietários montam uma espécie de polícia paralela. Isto é, contratam capangas.
Tudo começa com mais uma ação lamentável do movimento de sem-terra. Um dos seus líderes mais conhecidos, José Rainha Júnior, comanda a ação no Pontal. Foi capaz das seguintes e infelizes declarações: "O conflito é inevitável. Só falta data. Depois que acontece, aí vem o Fernando Henrique, o ministro do Desenvolvimento Agrário. A desgraça está colocada". Estará Rainha à cata de mártires? Não estará, em uma atitude por tudo irresponsável, incitando ainda mais um conflito que pode acabar na morte de colegas seus?
Aliás, alguns dos principais líderes do MST ainda não se deram conta de que o conteúdo autoritário e profundamente antidemocrático de algumas de suas ações -há pouco invadiram prédios públicos, fazendo reféns- apenas faz perder pontos na opinião pública a legítima reivindicação por que haja uma melhor distribuição da terra neste país, bandeira que dizem defender.
No entanto, nem por isso estarão certos os proprietários de terras ao armarem suas polícias paralelas. É legítimo e altamente recomendável que, em casos como esse, confie-se apenas na ação da força policial do Estado, e sob a tutela do Poder Judiciário. A eles cabe essa responsabilidade intransferível. A constituição de milícias privadas é atitude criminosa.
Que os ânimos belicosos se resfriem. Não é este o momento de dar oportunidade a que ocorra mais um banho de sangue no campo. A história dos conflitos agrários no Brasil já está cheia deles. Basta. O momento é o de aproveitar as instituições democráticas para melhorar a péssima distribuição da terra no país.


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