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TENSÃO NO CAMPO
O Pontal do Paranapanema, no extremo oeste do Estado de São Paulo,
transforma-se novamente em uma
região de conflito iminente entre representantes de sem-terra e de proprietários rurais. Diante de ameaças
de invasão de terras por grupos relacionados ao MST, fazendeiros da região, ligados à União Democrática
Ruralista, estão se armando. Esta Folha apurou que alguns proprietários
montam uma espécie de polícia paralela. Isto é, contratam capangas.
Tudo começa com mais uma ação
lamentável do movimento de sem-terra. Um dos seus líderes mais conhecidos, José Rainha Júnior, comanda a ação no Pontal. Foi capaz
das seguintes e infelizes declarações:
"O conflito é inevitável. Só falta data.
Depois que acontece, aí vem o Fernando Henrique, o ministro do Desenvolvimento Agrário. A desgraça
está colocada". Estará Rainha à cata
de mártires? Não estará, em uma atitude por tudo irresponsável, incitando ainda mais um conflito que pode
acabar na morte de colegas seus?
Aliás, alguns dos principais líderes
do MST ainda não se deram conta de
que o conteúdo autoritário e profundamente antidemocrático de algumas de suas ações -há pouco invadiram prédios públicos, fazendo reféns- apenas faz perder pontos na
opinião pública a legítima reivindicação por que haja uma melhor distribuição da terra neste país, bandeira
que dizem defender.
No entanto, nem por isso estarão
certos os proprietários de terras ao
armarem suas polícias paralelas. É legítimo e altamente recomendável
que, em casos como esse, confie-se
apenas na ação da força policial do
Estado, e sob a tutela do Poder Judiciário. A eles cabe essa responsabilidade intransferível. A constituição de
milícias privadas é atitude criminosa.
Que os ânimos belicosos se resfriem. Não é este o momento de dar
oportunidade a que ocorra mais um
banho de sangue no campo. A história dos conflitos agrários no Brasil já
está cheia deles. Basta. O momento é
o de aproveitar as instituições democráticas para melhorar a péssima distribuição da terra no país.
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