São Paulo, sábado, 29 de abril de 2000


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DA CÂMARA AO FÓRUM

Está sendo delineado pelo Ministério do Desenvolvimento o Fórum de Competitividade, um programa de política industrial para fortalecer 12 setores considerados prioritários quanto a geração de empregos, desenvolvimento regional e aumento das exportações e da competitividade diante de produtos importados.
A iniciativa deve ser louvada. O desemprego é grande, as desigualdades regionais, intensas e os saldos comerciais serão decisivos para a sustentabilidade das contas externas. Esforços conjuntos entre governo, empresários e trabalhadores são necessários para reforçar cadeias produtivas. Porém, não era justamente esse o princípio das câmaras setoriais, que, no passado recente, falharam?
O governo e especialistas argumentam que desta vez os objetivos estão bem definidos e que não haverá atendimento de demandas pontuais, nem subsídios fiscais ou proteção comercial, como ocorreu no experimento anterior. A semelhança com as câmaras setoriais ficará restrita aos atores representados no fórum.
O programa é oportuno e precisa ser levado adiante. Entretanto, o objetivo de reforçar as cadeias produtivas não parece indicar uma mudança profunda do parque industrial. As exportações brasileiras, ao contrário das importações, são concentradas em produtos de baixo valor agregado e conteúdo tecnológico. O país exporta soja e aço para importar bens de capital e eletroeletrônicos.
Assim, vale lembrar que ainda não existe no governo FHC uma estratégia de longo prazo capaz de transformar a base em que se dá o crescimento econômico do país.
Finalmente, deve-se lembrar também que tentativas semelhantes já foram abortadas. No início do ano, por exemplo, a Câmara de Comércio Exterior (Camex) viu frustrada sua tentativa de assumir o controle dos impostos de Importação e Exportação, visando direcioná-los para um projeto de industrialização nacional.
Portanto, resta saber se essa iniciativa terá respaldo político do governo federal e, especificamente, do Ministério da Fazenda.


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