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DA CÂMARA AO FÓRUM
Está sendo delineado pelo Ministério do Desenvolvimento o Fórum de
Competitividade, um programa de
política industrial para fortalecer 12
setores considerados prioritários
quanto a geração de empregos, desenvolvimento regional e aumento
das exportações e da competitividade
diante de produtos importados.
A iniciativa deve ser louvada. O desemprego é grande, as desigualdades
regionais, intensas e os saldos comerciais serão decisivos para a sustentabilidade das contas externas. Esforços conjuntos entre governo, empresários e trabalhadores são necessários para reforçar cadeias produtivas. Porém, não era justamente esse o
princípio das câmaras setoriais, que,
no passado recente, falharam?
O governo e especialistas argumentam que desta vez os objetivos estão
bem definidos e que não haverá atendimento de demandas pontuais,
nem subsídios fiscais ou proteção comercial, como ocorreu no experimento anterior. A semelhança com
as câmaras setoriais ficará restrita aos
atores representados no fórum.
O programa é oportuno e precisa
ser levado adiante. Entretanto, o objetivo de reforçar as cadeias produtivas não parece indicar uma mudança
profunda do parque industrial. As exportações brasileiras, ao contrário
das importações, são concentradas
em produtos de baixo valor agregado
e conteúdo tecnológico. O país exporta soja e aço para importar bens
de capital e eletroeletrônicos.
Assim, vale lembrar que ainda não
existe no governo FHC uma estratégia de longo prazo capaz de transformar a base em que se dá o crescimento econômico do país.
Finalmente, deve-se lembrar também que tentativas semelhantes já foram abortadas. No início do ano, por
exemplo, a Câmara de Comércio Exterior (Camex) viu frustrada sua tentativa de assumir o controle dos impostos de Importação e Exportação,
visando direcioná-los para um projeto de industrialização nacional.
Portanto, resta saber se essa iniciativa terá respaldo político do governo
federal e, especificamente, do Ministério da Fazenda.
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