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EMPREGO DOMÉSTICO
O aumento no contingente de
trabalhadores domésticos e a
precariedade dos vínculos no setor
ilustram parte significativa das distorções que operam no mercado de
trabalho. De acordo com a Pesquisa
Mensal de Emprego do IBGE, divulgada nesta semana, as seis maiores
regiões metropolitanas do país concentram 1,6 milhão de pessoas que
se dedicam ao trabalho doméstico.
A cifra corresponde a 8,1% da população ocupada, o que inclui a categoria entre as mais volumosas do
país. O segmento responde, contudo, por uma parcela pouco expressiva dos ganhos: com salário médio de
R$ 350, recebe 35% do rendimento
médio da população ocupada, que
está em torno de R$ 1.000.
A situação instável é agravada pelo
alto índice de informalidade: em
março de 2006, 65,6% não tinham
vínculo empregatício assegurado.
Reverter esse quadro deveria ser prioridade da política trabalhista do governo federal. Mas até o momento o
problema tem sido combatido com
propostas tíbias e equivocadas.
O governo achou por bem conceder benefícios para que os patrões
decidissem cumprir a lei. Editou, em
março, uma medida provisória que
faculta aos empregadores descontar
do Imposto de Renda encargos trabalhistas relativos à contratação. A
julgar pela passividade que tem marcado o Congresso, são boas as chances de que seja transformada em lei.
Com a medida, que encerra algum
ilusionismo eleitoreiro, o governo
premia patrões com nível alto de renda e que já cumprem suas obrigações
com os empregados -uma parcela
não superior a 600 mil pessoas, ou
0,33% da população brasileira.
Para de fato favorecer a regularização de milhões de trabalhadores sem
acesso aos direitos básicos, faria
mais sentido baixar a alíquota da
contribuição previdenciária de quem
recebe salário mínimo. Com isso, os
benefícios poderiam se estender a
outras categorias que sofrem igualmente com a informalidade e os salários aviltados.
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