São Paulo, sexta-feira, 29 de abril de 2011 |
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TENDÊNCIAS/DEBATES O país na vanguarda da produção de vacinas JORGE KALIL
A campanha nacional de vacinação contra a gripe deste ano é um marco histórico para o Brasil. Graças à produção do Instituto Butantan, a população será imunizada com vacina totalmente produzida no país. Um avanço científico-tecnológico gigantesco, que nos tornou o único na América Latina a produzir vacinas contra influenza. Com a missão secular de realizar pesquisas biomédicas e prover produtos voltados para a saúde pública, o Instituto Butantan, órgão da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo, iniciou há dez anos a incorporação do processo de produção da vacina contra a gripe. Desde então, trabalhamos incessantemente para capacitar nossos funcionários e para viabilizar a construção de uma fábrica, o que permitiu a produção de vacina de qualidade e sem efeitos colaterais. O contrato estratégico de transferência de tecnologia com a Sanofi Pasteur foi particularmente significativo e acelerou o processo de produção nacional da vacina. Com a ação sinérgica, aprofundamos o conhecimento do processo industrial, fechando o ciclo de produção. Os investimentos para a execução desse projeto ultrapassaram os R$ 100 milhões, com verbas do governo do Estado de São Paulo, do Ministério da Saúde e da Fundação Butantan; tais cifras se tornam irrelevantes diante dos milhões de reais de economia que o Brasil faz ao não precisar comprar o produto de laboratórios internacionais. A importância da vacina brasileira não está somente nos benefícios financeiros. Além de suprir as necessidades do mercado nacional, com o Programa Nacional de Imunização, permite que, com maior produção, possamos expandir a vacinação para grupos não inclusos na atual campanha, contribuindo para a redução do risco de morbidade causado pela doença. A planta de produção permite a obtenção de vacina 100% nacional contra os vírus circulantes atuais e é versátil, na medida em que permite fabricar vacinas contra qualquer vírus da gripe, como o da aviária. Com a capacidade máxima de operação, a fábrica poderá produzir 20 milhões de doses. Tal número poderá ser significativamente ampliado por meio de pesquisas, já desenvolvidas no Butantan, para a elaboração de um adjuvante que aumente a eficiência das vacinas, permitindo que a imunização seja feita com um quarto da dose original. Há vários outros projetos em andamento no Instituto, com características técnico-científicas seminais para o desenvolvimento nacional em vacinas e biofármacos. Estamos, assim, trabalhando para a resolução de problemas graves do país, como a dengue. Esses exemplos são consoantes com a evolução da ciência brasileira, que cada vez mais ganha espaço no cenário global. Os investimentos no desenvolvimento de novas tecnologias, incluindo parcerias estratégicas, devem ser a base de inovações que possibilitem que o país seja tecnologicamente independente. JORGE KALIL, médico imunologista, professor titular da Faculdade de Medicina da USP, é diretor do Instituto Butantan. Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo. debates@uol.com.br Texto Anterior: TENDÊNCIAS/DEBATES Edinho Silva: Lula, o PT e a política de alianças Próximo Texto: Painel do Leitor Índice | Comunicar Erros |
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