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FERNANDO RODRIGUES
"A bolha assassina"
BRASÍLIA - Como se fosse um filme B dos mais rastaqüeras, dirigido por
Roger Corman ou Chuck Russell, a
emenda da reeleição para os presidentes da Câmara e do Senado pode
ser reapresentada em breve.
Essa bolha assassina casuísta tem
chance de ressurreição porque muita
gente no governo, de José Dirceu a
Antonio Palocci, percebeu a besteira
que foi desdenhar o problema. Pior,
foram vítimas da síndrome do auto-engano ao pensar que "esse assunto o
Congresso resolve sozinho".
É comum no mundo real, em São
Paulo, abaixo do trópico de Capricórnio, as pessoas acharem a micropolítica um assunto enfadonho e de
pouca utilidade prática. É verdade.
Ocorre que essas disputas comezinhas é que determinam o ritmo com
que o país avança ou retrocede. Basta
verificar que o Congresso se encontra
em estado catatônico.
Quando Lula retornar de seu convescote à China e ao México, será
procurado. Alguns desconfiam que o
presidente tenha deixado a emenda
da reeleição ir para a cucuia porque
deseja encontrar uma forma de se livrar de José Dirceu -que agora tem
a opção de voltar à Câmara para disputar a presidência dessa Casa.
A operação é arriscada. Anabolizados por alguns eventuais sucessos nas
eleições municipais de outubro, PFL e
PSDB podem se aliar no Congresso
no final deste ano. Juntos garantem
Renan Calheiros (PMDB) para presidir o Senado. Em troca, esse binômio
tucano-pefelê recebe o apoio dos peemedebistas para conquistar a presidência da Câmara.
É um cenário de pessimismo extremo para o Planalto. OK. Mas é comum ouvir esse tipo de avaliação até
de petistas dos mais qualificados.
Resumo da ópera: Lula corre o risco
de, nos dois últimos anos de seu mandato, ter de conviver com um Congresso comandado por PMDB-PFL-PSDB. Seria uma catástrofe política
para a administração petista.
É por isso que o filme "a bolha assassina da emenda da reeleição" pode aparecer a qualquer momento na
pauta da Câmara. Blockbuster.
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