|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
LUCIANO MENDES DE ALMEIDA
Pela unidade
dos cristãos
Na última ceia, Jesus Cristo ergueu os olhos ao céu e rezou ao
Pai por aqueles que haveriam de crer
nele: "Pai, que todos sejam um". A
união entre os discípulos é o sinal para
o mundo da missão de Cristo e do
amor do Pai por nós (Jo. 17, 21 e 23).
Essa união deve, portanto, ser constantemente promovida. Hoje, no entanto, percebemos melhor como as
divisões internas que existem entre
cristãos prejudicam a proclamação do
Evangelho diante dos que não crêem.
Surgiram, no século passado, organizações para o estudo de questões de
doutrina e institucionais que pudessem abrir caminhos para a unidade.
Mais ainda: procurou-se incentivar a
colaboração entre as diversas confissões em prol da justiça, da paz e de
ações em benefício da dignidade da
pessoa humana. Esse anseio deu origem à criação do Conselho Mundial
das Igrejas, em 1948. O empenho em
favor da aproximação das Igrejas vem
recebendo o nome de "ecumênico",
com o sentido de "universal", para
significar o movimento e as instituições que promovem a unidade dos
cristãos.
Entre os católicos, cresceu o estímulo para a ação ecumênica graças ao decreto "Unitatis Redintegratio", do
Concílio Vaticano 2º, que exorta a reconhecer com alegria os valores fundamentais cristãos que derivam de
um patrimônio comum aos irmãos
das várias confissões. O Código de Direito Canônico, promulgado em 1983,
coloca em evidência o direito e o dever
dos católicos de fornecer o restabelecimento da unidade entre todos os cristãos,
O Papa João Paulo 2º tem dado
exemplo de encontros fraternos com
líderes e comunidades de outras confissões religiosas e, em 25/3/1993, publicou a encíclica "Ut Unum Sint", que
há de permanecer como marco referencial do ecumenismo católico. No
Brasil, nasceu, em 1982, o Conselho
Nacional de Igrejas Cristãs (Conic), no
anseio de responder ao apelo de Cristo
pela unidade.
O primeiro empenho para realizar a
comunhão entre os discípulos e discípulas de Jesus deve ser a conversão e a
santidade de vida, juntamente com as
orações pessoais e públicas. Surgiu,
assim, a louvável iniciativa da Semana
de Oração pela Unidade dos Cristãos,
celebrada no Brasil nos dias que precedem a festa de Pentecostes, a vinda
do Espírito Santo. Rezemos para que
se realize a união visível do Reino de
Deus tal como Cristo a quer. A oração
e a bondade hão de vencer todos os
obstáculos.
O espírito ecumênico manifesta-se
na promoção conjunta entre as Igrejas
dos valores do Evangelho: o respeito à
vida e aos direitos fundamentais da
pessoa, a superação do ódio, a aproximação e a concórdia entre os povos e
as nações, a construção da paz, a promessa de vida eterna e o exercício do
diálogo, do conhecimento e da estima
recíprocas.
No Brasil, é notável a cooperação entre as Igrejas na defesa e na promoção
dos excluídos, no apoio aos povos indígenas e aos quilombos, na ação em
prol da infância e adolescência e na
busca de soluções para a terra e para o
trabalho.
A estima, o respeito, a abertura ao
diálogo e as muitas causas e ações assumidas em comum em bem do povo
hão de irmanar sempre mais os discípulos de Jesus Cristo, vencendo ressentimentos e distâncias.
O empenho fraterno e apaixonado
pela união é a melhor resposta de
amor ao anseio do Divino Salvador a
fim de que "todos sejam um".
Dom Luciano Mendes de Almeida escreve aos
sábados nesta coluna.
Texto Anterior: Rio de Janeiro - Gabriela Wolthers: O STF e o fantasma Próximo Texto: Frases
Índice
|