São Paulo, sábado, 29 de maio de 2004

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LUCIANO MENDES DE ALMEIDA

Pela unidade dos cristãos

Na última ceia, Jesus Cristo ergueu os olhos ao céu e rezou ao Pai por aqueles que haveriam de crer nele: "Pai, que todos sejam um". A união entre os discípulos é o sinal para o mundo da missão de Cristo e do amor do Pai por nós (Jo. 17, 21 e 23).
Essa união deve, portanto, ser constantemente promovida. Hoje, no entanto, percebemos melhor como as divisões internas que existem entre cristãos prejudicam a proclamação do Evangelho diante dos que não crêem.
Surgiram, no século passado, organizações para o estudo de questões de doutrina e institucionais que pudessem abrir caminhos para a unidade. Mais ainda: procurou-se incentivar a colaboração entre as diversas confissões em prol da justiça, da paz e de ações em benefício da dignidade da pessoa humana. Esse anseio deu origem à criação do Conselho Mundial das Igrejas, em 1948. O empenho em favor da aproximação das Igrejas vem recebendo o nome de "ecumênico", com o sentido de "universal", para significar o movimento e as instituições que promovem a unidade dos cristãos.
Entre os católicos, cresceu o estímulo para a ação ecumênica graças ao decreto "Unitatis Redintegratio", do Concílio Vaticano 2º, que exorta a reconhecer com alegria os valores fundamentais cristãos que derivam de um patrimônio comum aos irmãos das várias confissões. O Código de Direito Canônico, promulgado em 1983, coloca em evidência o direito e o dever dos católicos de fornecer o restabelecimento da unidade entre todos os cristãos,
O Papa João Paulo 2º tem dado exemplo de encontros fraternos com líderes e comunidades de outras confissões religiosas e, em 25/3/1993, publicou a encíclica "Ut Unum Sint", que há de permanecer como marco referencial do ecumenismo católico. No Brasil, nasceu, em 1982, o Conselho Nacional de Igrejas Cristãs (Conic), no anseio de responder ao apelo de Cristo pela unidade.
O primeiro empenho para realizar a comunhão entre os discípulos e discípulas de Jesus deve ser a conversão e a santidade de vida, juntamente com as orações pessoais e públicas. Surgiu, assim, a louvável iniciativa da Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos, celebrada no Brasil nos dias que precedem a festa de Pentecostes, a vinda do Espírito Santo. Rezemos para que se realize a união visível do Reino de Deus tal como Cristo a quer. A oração e a bondade hão de vencer todos os obstáculos.
O espírito ecumênico manifesta-se na promoção conjunta entre as Igrejas dos valores do Evangelho: o respeito à vida e aos direitos fundamentais da pessoa, a superação do ódio, a aproximação e a concórdia entre os povos e as nações, a construção da paz, a promessa de vida eterna e o exercício do diálogo, do conhecimento e da estima recíprocas.
No Brasil, é notável a cooperação entre as Igrejas na defesa e na promoção dos excluídos, no apoio aos povos indígenas e aos quilombos, na ação em prol da infância e adolescência e na busca de soluções para a terra e para o trabalho.
A estima, o respeito, a abertura ao diálogo e as muitas causas e ações assumidas em comum em bem do povo hão de irmanar sempre mais os discípulos de Jesus Cristo, vencendo ressentimentos e distâncias.
O empenho fraterno e apaixonado pela união é a melhor resposta de amor ao anseio do Divino Salvador a fim de que "todos sejam um".


Dom Luciano Mendes de Almeida escreve aos sábados nesta coluna.


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