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MELCHIADES FILHO
Grampeador
BRASÍLIA - Espécie de resumo e
guia de leitura do inquérito da Operação Navalha, o relatório de inteligência não pede providências contra Paulo Magalhães (DEM-BA),
sobrinho de ACM. Mas, em um
anexo, perdido entre muitos megabytes de dados, estão os grampos
e a menção de que o deputado federal recebeu, pessoalmente no gabinete, R$ 20 mil de propina.
Belivaldo Chagas (PSB-SE) é outro poupado no texto principal, embora as escutas, transcritas em um
link do link do link, tenham flagrado o vice-governador prometendo
mundos e fundos à Gautama.
Quanto às fraudes do Luz para
Todos, o relatório só centra fogo
em assessores de Silas Rondeau. A
acusação de corrupção passiva contra o ex-ministro? Está explícita
apenas em um apêndice do catatau.
Renan Calheiros (PMDB-AL)
nem de relance aparece nas deduções da polícia, ainda que o nome
do presidente do Congresso pipoque nos grampos já divulgados -e,
segundo arapongas de Brasília, esteja em outros "mais explosivos".
Sobre o jatinho que carregou o
senador Delcídio Amaral (PT-MS),
produziu-se um capítulo inteiro.
Sobre a lancha que serviu a ministra Dilma Rousseff, nem uma linha.
Foram incluídas como relevantes conversas em que homens da
Gautama citam os governadores
petistas Jaques Wagner (BA), Marcelo Déda (SE) e Wellington Dias
(PI). Qual relevância não se sabe. O
relatório tampouco diz por que não
foram adiante as inquirições sobre
o trio. Ou, se foram, a que conclusões teriam chegado.
As omissões em casos gritantes
dão margem às suspeitas de que se
procurou retardar a ida do pacote
para o STF e pegar embalo com a
exposição na mídia. As menções
sem explicações, às acusações de
uso político, de que se tentou alertar ou chantagear envolvidos.
A PF deve respostas menos pelo
barulho da operação e mais pelos
silêncios, esses e outros, no documento que remeteu à Justiça.
mfilho@folhasp.com.br
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