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Dinheiro para todos
O CHAMADO Sistema Petrobras, a teia de empresas
das quais a estatal é acionista minoritária, doou R$ 8,5
milhões a políticos e partidos nas
eleições de 2006 e 2008. Mais da
metade dessas contribuições
fluiu para o PT e seus candidatos.
Pouco menos de um quarto da
verba beneficiou o principal partido de oposição, o PSDB.
A informação, revelada ontem
por reportagem desta Folha,
ilustra uma das dificuldades, digamos, práticas a serem enfrentadas por qualquer CPI que tenha como alvo a Petrobras.
A estatal fatura num ano montante similar ao que a Receita
Federal arrecada em tributos no
período. Esse enorme poderio financeiro se espraia em negócios
por todo o país, o que acaba influindo, de um modo ou de outro, no financiamento e no interesse de políticos de um amplo
espectro partidário e regional.
No caso em tela, companhias
cujo controle do capital é privado fizeram as doações -empresas do governo estão obviamente
proibidas por lei de contribuir. A
participação acionária da Petrobras naquelas companhias, contudo, configura uma clara situação em que o espírito da legislação, de erguer uma barreira entre negócios de estatais e fundos
de campanhas, sai frustrado.
Os R$ 8,5 milhões representam apenas dois milésimos do
total de doações eleitorais em
2006 e 2008. É a chamada ponta
do iceberg. Só em contratos realizados por um sistema simplificado, que dispensa licitação, a
Petrobras gastou R$ 47 bilhões
nos últimos seis anos. Doações
de campanha feitas por beneficiários de transações como essas
são prática comum. Além disso,
há o canal generoso dos patrocínios a ONGs "companheiras".
Passa da hora de esclarecer as
relações turvas entre a maior
empresa do Brasil e o financiamento da política. À sociedade
cabe pressionar a CPI para que
leve à frente essa tarefa -mesmo contra o interesse de alguns
de seus integrantes.
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