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ANTÔNIO ERMÍRIO DE MORAES
Alerta Brasil
O QUADRO energético para o
futuro próximo é preocupante. O Brasil precisa implantar cerca de 5.000 megawatts
por ano e isso não está acontecendo. As obras recentemente aprovadas (rio Madeira e Angra 3) não darão conta do recado em tempo hábil.
Por isso, o que se discute hoje em
dia é a data do racionamento. Uns
falam em 2010, outros acham que
será em 2011. Mas possivelmente
não escape disso.
As autoridades do governo dizem que o risco de um apagão nos
próximos três ou quatro anos é de
apenas 5%. Os especialistas, porém, estimam em mais de cinco vezes essa probabilidade -28%-, o
que é perigosíssimo.
A única maneira de evitar o apagão é estancando o crescimento
econômico. Isso é um absurdo,
pois temos tudo para crescer bastante. Aliás, no primeiro semestre
de 2007, o PIB anualizado cresceu
quase 5% e a demanda por energia
elétrica, mais de 8%. Todos os setores da economia estão demandando energia elétrica em níveis muito
superiores aos do ano passado e à
capacidade programada.
É esse desequilíbrio entre oferta
e demanda que leva os especialistas a ver o racionamento como inevitável -um quadro triste e que reflete a falta de planejamento e a insensibilidade das nossas autoridades. Afinal, temos cerca de 20% da
água do mundo. Trata-se de um extraordinário privilégio quando se
vê que, dos 6,2 bilhões de habitantes da Terra, 1,2 bilhão tem dificuldade no abastecimento de água.
Cerca de 90% da eletricidade
produzida no Brasil tem origem hídrica. Isso tem permitido a geração
de energia de baixo custo e livre de
poluição.
No mundo atual, e principalmente no futuro, o país que conseguir fazer essa combinação de fatores tem enorme vantagem comparativa, interna e externa. E nós a temos.
Além da generosidade de Deus,
são Pedro tem colaborado bastante
nos últimos anos ao manter os reservatórios em níveis invejáveis.
Mas não podemos contar só com
isso. Para crescer a taxas de 5% ou
6% anualmente, a nossa lição de
casa é imensa e exige investimentos muito maiores do que os atuais.
Está na hora de acordarmos. Já
passamos por vários sustos. No final da década de 90, tivemos apagões preocupantes, e no ano de
2001 amargamos uma crise apavorante.
Já é hora de acabarmos com os
embates ideológicos e os entraves
burocráticos -todos inaceitáveis
num momento em que a economia
mundial é compradora e nosso povo precisa de empregos e de renda,
que advêm de um crescimento
mais forte.
antonio.ermirio@antonioermirio.com.br
ANTÔNIO ERMÍRIO DE MORAES escreve aos domingos nesta coluna.
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