São Paulo, segunda-feira, 29 de agosto de 2005

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RESTRIÇÕES À CHINA

No mês de novembro de 2004, o governo brasileiro tornou-se o 23º, entre 148 membros da Organização Mundial de Comércio (OMC), a conceder à China o status de "economia de mercado". O gesto, duramente criticado pela Fiesp, representou uma renúncia voluntária a alguns mecanismos de proteção contra um regime que usa do autoritarismo para obter vantagens econômicas. Uma das explicações para o reconhecimento era o interesse do governo Lula em obter apoio chinês para conquistar um lugar permanente no Conselho de Segurança da ONU.
Agora, quando a China já se declarou contrária à reforma do órgão mais importante das Nações Unidas, o interesse em agradar aos chineses já não é o mesmo. Diante da extrema agressividade das exportações daquele país, o Brasil, ao contrário, cogita de impor barreiras.
De um lado, o ministro do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan, deverá tentar um acordo amigável em viagem que realizará à China em setembro. De outro, está em exame na Casa Civil um decreto criando salvaguardas à entrada de mercadorias chinesas no mercado brasileiro.
Os diversos setores que se sentem prejudicados preparam relatórios que deverão ser entregues hoje ao governo. Neste primeiro semestre, as importações de produtos chineses subiram expressivos 48% em relação ao mesmo período de 2004.
O diagnóstico é que os subterfúgios utilizados pela China para obter preços demasiadamente baixos tendem a desorganizar o mercado e prejudicar, de maneira desleal, a produção brasileira. Por mais que se queira ver no intuito de impor barreiras um anacrônico desejo de protecionismo, o fato é que avaliações e medidas restritivas semelhantes também ocorrem em outros países.
Parece que, depois da generosidade com o gigante asiático -e diante de um quadro econômico menos favorável-, o governo mostra-se disposto a melhor cumprir o seu papel de apoiar o setor produtivo nacional.

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