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RESTRIÇÕES À CHINA
No mês de novembro de 2004,
o governo brasileiro tornou-se
o 23º, entre 148 membros da Organização Mundial de Comércio (OMC),
a conceder à China o status de "economia de mercado". O gesto, duramente criticado pela Fiesp, representou uma renúncia voluntária a alguns
mecanismos de proteção contra um
regime que usa do autoritarismo para obter vantagens econômicas. Uma
das explicações para o reconhecimento era o interesse do governo Lula em obter apoio chinês para conquistar um lugar permanente no
Conselho de Segurança da ONU.
Agora, quando a China já se declarou contrária à reforma do órgão
mais importante das Nações Unidas,
o interesse em agradar aos chineses
já não é o mesmo. Diante da extrema
agressividade das exportações daquele país, o Brasil, ao contrário, cogita de impor barreiras.
De um lado, o ministro do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan,
deverá tentar um acordo amigável
em viagem que realizará à China em
setembro. De outro, está em exame
na Casa Civil um decreto criando salvaguardas à entrada de mercadorias
chinesas no mercado brasileiro.
Os diversos setores que se sentem
prejudicados preparam relatórios
que deverão ser entregues hoje ao governo. Neste primeiro semestre, as
importações de produtos chineses
subiram expressivos 48% em relação
ao mesmo período de 2004.
O diagnóstico é que os subterfúgios utilizados pela China para obter
preços demasiadamente baixos tendem a desorganizar o mercado e prejudicar, de maneira desleal, a produção brasileira. Por mais que se queira
ver no intuito de impor barreiras um
anacrônico desejo de protecionismo,
o fato é que avaliações e medidas restritivas semelhantes também ocorrem em outros países.
Parece que, depois da generosidade
com o gigante asiático -e diante de
um quadro econômico menos favorável-, o governo mostra-se disposto a melhor cumprir o seu papel de
apoiar o setor produtivo nacional.
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