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PLÍNIO FRAGA
O debate em debate
RIO DE JANEIRO - Já virou idéia
aceita que candidatos líderes em
pesquisas e/ou governantes que
busquem a reeleição não participem de debates, ao menos no primeiro turno. É lamentável, mas parece que é uma posição que foi absorvida pelo eleitor.
Talvez seja a hora de entidades
não-partidárias e sem fins lucrativos tentarem se articular para montar no Brasil algo como "The Commission on Presidential Debates"
(CPD). É a instituição criada em
1987 nos Estados Unidos para se
responsabilizar pela organização
dos debates presidenciais a partir
de 1988. Foi montada a partir do
pressuposto de que os debates informam e envolvem os eleitores no
processo político.
É um erro comum achar que nos
EUA só há dois candidatos a presidente, um republicano contra um
democrata. Há dezenas deles, uns
tantos nomes independentes e outros tantos malucos.
"The Commission on Presidential Debates" estabeleceu critérios
para a escolha dos participantes. As
regras da disputa americana são
bastante diferentes das brasileiras,
mas os critérios criados permitem
identificar os candidatos que tenham obtido um nível de apoio eleitoral e que realisticamente possam
ser considerados com chances de
chegar à Presidência.
Os debates são transmitidos pelas emissoras de televisão, mas nenhuma delas está vinculada diretamente à organização das regras, dos
temas e dos mediadores. Aquele
formato de debate em arena, que a
Globo usou em 2002, quando eleitores indecisos fazem perguntas de
seu interesse aos candidatos, surgiu
de uma experiência do CPD.
Talvez tenha mais chance de ir à
frente se tocada por entidades do
terceiro setor, e não da Justiça Eleitoral. É uma maneira de tornar menos virtual um processo hoje exclusivamente midiático.
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