São Paulo, terça-feira, 29 de agosto de 2006

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PLÍNIO FRAGA

O debate em debate

RIO DE JANEIRO - Já virou idéia aceita que candidatos líderes em pesquisas e/ou governantes que busquem a reeleição não participem de debates, ao menos no primeiro turno. É lamentável, mas parece que é uma posição que foi absorvida pelo eleitor.
Talvez seja a hora de entidades não-partidárias e sem fins lucrativos tentarem se articular para montar no Brasil algo como "The Commission on Presidential Debates" (CPD). É a instituição criada em 1987 nos Estados Unidos para se responsabilizar pela organização dos debates presidenciais a partir de 1988. Foi montada a partir do pressuposto de que os debates informam e envolvem os eleitores no processo político.
É um erro comum achar que nos EUA só há dois candidatos a presidente, um republicano contra um democrata. Há dezenas deles, uns tantos nomes independentes e outros tantos malucos.
"The Commission on Presidential Debates" estabeleceu critérios para a escolha dos participantes. As regras da disputa americana são bastante diferentes das brasileiras, mas os critérios criados permitem identificar os candidatos que tenham obtido um nível de apoio eleitoral e que realisticamente possam ser considerados com chances de chegar à Presidência.
Os debates são transmitidos pelas emissoras de televisão, mas nenhuma delas está vinculada diretamente à organização das regras, dos temas e dos mediadores. Aquele formato de debate em arena, que a Globo usou em 2002, quando eleitores indecisos fazem perguntas de seu interesse aos candidatos, surgiu de uma experiência do CPD.
Talvez tenha mais chance de ir à frente se tocada por entidades do terceiro setor, e não da Justiça Eleitoral. É uma maneira de tornar menos virtual um processo hoje exclusivamente midiático.


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