São Paulo, domingo, 29 de agosto de 2010 |
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PAULA CESARINO COSTA Buzinar, passar e parar RIO DE JANEIRO - Muitas coisas fazem do Rio uma cidade especial e diferente de todas as outras. Mas há algo de intrigante. Aqui, muitas leis só são respeitadas quando se torna realmente impossível burlá-las. A sociedade cria artifícios para que regras sejam cumpridas. Alguns exemplos: diante de uma rotina ensurdecedora nas vias públicas, uma portaria da prefeitura proibiu buzina nos ônibus. Não basta a lei dizer que o uso desregrado constitui infração, como já o faz. Contra a algazarra dos ônibus foi preciso ir além: os motoristas não buzinam mais porque não existe buzina. Os sinais de trânsito -semáforos para os paulistas- são instalados antes da rua a ser cruzada. Por quê? Para que os motoristas não parem em cima da faixa de pedestre nem furem o sinal. Se o sinal ficar, como na maioria das cidades do país, depois da rua transversal, a invasão será feita com mais facilidade. Do jeito que é, se o veículo avançar, o motorista não sabe se o sinal já abriu ou não. Aquela imagem da cidade maravilhosa com as calçadas lotadas de carros está na cabeça de cada um que visitou o Rio até os anos 80. O estacionamento em calçadas é infração grave, segundo o código de trânsito. As calçadas só ficaram livres onde e quando foram colocados cones de cimento. Os carros deixaram as calçadas porque não havia como encaixá-los entre eles. Há poucas semanas, a prefeitura resolveu tirar os chamados fradinhos das calçadas da orla de Ipanema, porque, segundo ela, eles são contra a "ambiência" da cidade. O que aconteceu? Os carros voltaram a estacionar em cima das calçadas. Foi a comprovação da máxima: mesmo havendo lei, por que cumpri-la se há como não cumpri-la? Nada de "dura lex, sed lex" para uma gente tão "relax". Texto Anterior: Brasília - Eliane Cantanhêde: Ideia fixa Próximo Texto: Emílio Odebrecht: Formando novos líderes Índice |
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