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VINICIUS TORRES FREIRE
TV pública, sim. Fora a Radiobrás
SÃO PAULO - As TVs públicas do Brasil estão falidas. Não podem passar anúncio comercial. Do jeito que
estão hoje, depender demais de verba
estatal lhes tolhe a independência. O
que fazer? Fundi-las numa só, a fim
de criar uma TV pública forte, dar-lhes parte do dinheiro gasto no ministério da propaganda de Lula, permitir que tenham mais liberdade para se virar e obter recursos.
A Radiobrás é parte do ministério
da propaganda. Leva uns R$ 80 milhões por ano de impostos, tem mais
de mil funcionários, quatro rádios,
duas TVs, um sítio de notícias. É dirigida pelo jornalista Eugênio Bucci.
Bucci disse um dia à Folha que, sob
Lula, pela primeira vez as estatais da
notícia seriam objetivas, que Lula sabe que seu governo só vai "se sustentar na cidadania e não combina com
a idéia de chapa-branca".
Se o governo tem tanto apreço pela
informação livre, que dê cabo da Radiobrás. O dinheiro da Radiobrás, o
da TV Cultura e o da TVE, somados,
dão uns R$ 200 milhões, 30% do orçamento da TV pública dos EUA.
Não é pouco.
Cortando cargos e funções superpostos, sobra ainda mais dinheiro
para a nova TV. Com bons programas, é possível arranjar patrocínio,
anúncio ou campanhas de arrecadação. Seria interessante pegar também
o dinheiro de fundo público que Sesc-Senac gastam na sua TV.
A nova TV deveria ter um conselho
de administração sem o dedo do governo, independente de verdade, o
que não é bem verdade no caso da
Cultura e da TVE, embora a primeira seja uma fundação e a segunda
uma organização social.
O governo deve ter direito de publicar sua versão dos fatos? Talvez.
Meia hora de noticiário na nova TV
pública estaria bom. O que não dá é o
governo do PT, que um dia se disse
"democrático e popular", se assanhar
tanto com propaganda e não extinguir esse entulho das ditaduras que é
a Radiobrás. Enquanto isso, a TV comercial deita e rola no lixo que produz, sem que exista a opção de uma
TV pública decente.
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