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São Paulo, segunda-feira, 29 de setembro de 2003

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VINICIUS TORRES FREIRE

TV pública, sim. Fora a Radiobrás

SÃO PAULO - As TVs públicas do Brasil estão falidas. Não podem passar anúncio comercial. Do jeito que estão hoje, depender demais de verba estatal lhes tolhe a independência. O que fazer? Fundi-las numa só, a fim de criar uma TV pública forte, dar-lhes parte do dinheiro gasto no ministério da propaganda de Lula, permitir que tenham mais liberdade para se virar e obter recursos.
A Radiobrás é parte do ministério da propaganda. Leva uns R$ 80 milhões por ano de impostos, tem mais de mil funcionários, quatro rádios, duas TVs, um sítio de notícias. É dirigida pelo jornalista Eugênio Bucci.
Bucci disse um dia à Folha que, sob Lula, pela primeira vez as estatais da notícia seriam objetivas, que Lula sabe que seu governo só vai "se sustentar na cidadania e não combina com a idéia de chapa-branca".
Se o governo tem tanto apreço pela informação livre, que dê cabo da Radiobrás. O dinheiro da Radiobrás, o da TV Cultura e o da TVE, somados, dão uns R$ 200 milhões, 30% do orçamento da TV pública dos EUA. Não é pouco.
Cortando cargos e funções superpostos, sobra ainda mais dinheiro para a nova TV. Com bons programas, é possível arranjar patrocínio, anúncio ou campanhas de arrecadação. Seria interessante pegar também o dinheiro de fundo público que Sesc-Senac gastam na sua TV.
A nova TV deveria ter um conselho de administração sem o dedo do governo, independente de verdade, o que não é bem verdade no caso da Cultura e da TVE, embora a primeira seja uma fundação e a segunda uma organização social.
O governo deve ter direito de publicar sua versão dos fatos? Talvez. Meia hora de noticiário na nova TV pública estaria bom. O que não dá é o governo do PT, que um dia se disse "democrático e popular", se assanhar tanto com propaganda e não extinguir esse entulho das ditaduras que é a Radiobrás. Enquanto isso, a TV comercial deita e rola no lixo que produz, sem que exista a opção de uma TV pública decente.



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