|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
OPORTUNIDADE
O Conselho Monetário Nacional terá hoje a oportunidade de
dar um alento à atividade econômica
no Brasil -cujo ímpeto de recuperação foi recentemente prejudicado pela decisão do Banco Central de aumentar a taxa básica de juros e sinalizar que ela poderá sofrer elevações
adicionais nos próximos meses.
Crescem os reclamos dos empresários do setor produtivo para que o
CMN reduza de maneira significativa
a taxa de juros de longo prazo (TJLP),
que define o custo básico dos financiamentos concedidos pelo Banco
Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). O financiamento do investimento exige crédito de longo prazo, e o BNDES é a
fonte quase exclusiva desse tipo de
crédito na economia brasileira. Reduzir o seu custo representaria um
estímulo relevante ao investimento.
Chega a ser irônico que a falta de
investimentos seja um dos motivos
invocados, dentro e fora do Banco
Central, para defender a decisão de
aumentar os juros. A lógica do argumento é tortuosa: dado o risco de
que falte capacidade produtiva para
atender a uma demanda que começa
a crescer a uma velocidade mais razoável, recomenda-se limitar o dinamismo da demanda -por meio do
encarecimento do crédito induzido
pela elevação da taxa básica de juros- para evitar maiores pressões
de alta sobre os preços.
É evidente que o oposto também
poderia ser defendido: o crucial seria
reforçar os estímulos ao investimento produtivo, inclusive por meio da
redução do custo do crédito. Esse seria o sentido essencial da redução da
TJLP, defendida inclusive pelo presidente do BNDES.
Está claro que não há consenso
dentro do governo em relação à conveniência de reduzir a TJLP, e ainda
mais em torno da intensidade de
eventual redução. Cabe fazer votos
de que, desta vez, o CMN mostre
sensibilidade aos apelos justificados
do setor produtivo.
Texto Anterior: Editoriais: PETRÓLEO CARO Próximo Texto: São Paulo - Clóvis Rossi: Coisas pequenas Índice
|