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PETRÓLEO CARO
A cotação do barril de petróleo
-para entrega em novembro- atingiu US$ 50, um recorde
histórico em termos nominais, alimentada pela crescente preocupação
com o abastecimento mundial.
A causa circunstancial da alta veio
da Nigéria, o quinto maior produtor
da Opep. Um grupo rebelde ameaçou entrar em guerra total contra o
governo a partir de 1º de outubro e
prometeu atacar instalações da Shell.
As causas reais dos temores do
mercado e do conseqüente aumento
de preço são uma mistura de tensões
geopolíticas com falta de investimentos. Com seus 2,3 milhões de
barris ao dia, a Nigéria dificilmente
constituiria sozinha foco de grande
inquietação, pois o consumo diário
global atinge cerca de 82 milhões.
Todavia a instabilidade nigeriana
se soma a outras duas fontes de incerteza geopolítica que, em tese, podem afetar o abastecimento global
de petróleo: a Arábia Saudita e a Rússia. Ou seja, os dois maiores exportadores de óleo do planeta, com uma
produção cotidiana de mais de 11 milhões de barris.
No primeiro caso, a preocupação
tem maior amparo na realidade, já
que o governo saudita enfrenta forte
oposição de extremistas islâmicos
-influenciados por terroristas da Al
Qaeda. Anteontem, um francês foi
morto em Riad, e a polícia saudita
trocou tiros com membros da rede
comandada por Osama bin Laden.
Tudo isso alimenta a incerteza sobre
o fornecimento do petróleo saudita.
No caso da Rússia, a tensão do
mercado é menos justificada. É verdade que o Kremlin sinalizou que a
Yukos, a maior petrolífera do país,
poderá ser desmantelada. Mas nenhum analista crê que Moscou queira controlar as petrolíferas para, em
seguida, reduzir sensivelmente a
quantidade de petróleo oferecida ao
mercado internacional. Trata-se de
sua maior fonte de divisas.
Outro fator que abala a oferta de
petróleo é a falta de investimentos
suficientes por parte da Opep e da
Rússia. Num período em que a demanda sobe, com a aproximação do
inverno boreal, dúvidas sobre o abastecimento acabam, portanto, pressionando a cotação.
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