São Paulo, quarta-feira, 29 de setembro de 2004

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PETRÓLEO CARO

A cotação do barril de petróleo -para entrega em novembro- atingiu US$ 50, um recorde histórico em termos nominais, alimentada pela crescente preocupação com o abastecimento mundial.
A causa circunstancial da alta veio da Nigéria, o quinto maior produtor da Opep. Um grupo rebelde ameaçou entrar em guerra total contra o governo a partir de 1º de outubro e prometeu atacar instalações da Shell.
As causas reais dos temores do mercado e do conseqüente aumento de preço são uma mistura de tensões geopolíticas com falta de investimentos. Com seus 2,3 milhões de barris ao dia, a Nigéria dificilmente constituiria sozinha foco de grande inquietação, pois o consumo diário global atinge cerca de 82 milhões.
Todavia a instabilidade nigeriana se soma a outras duas fontes de incerteza geopolítica que, em tese, podem afetar o abastecimento global de petróleo: a Arábia Saudita e a Rússia. Ou seja, os dois maiores exportadores de óleo do planeta, com uma produção cotidiana de mais de 11 milhões de barris.
No primeiro caso, a preocupação tem maior amparo na realidade, já que o governo saudita enfrenta forte oposição de extremistas islâmicos -influenciados por terroristas da Al Qaeda. Anteontem, um francês foi morto em Riad, e a polícia saudita trocou tiros com membros da rede comandada por Osama bin Laden. Tudo isso alimenta a incerteza sobre o fornecimento do petróleo saudita.
No caso da Rússia, a tensão do mercado é menos justificada. É verdade que o Kremlin sinalizou que a Yukos, a maior petrolífera do país, poderá ser desmantelada. Mas nenhum analista crê que Moscou queira controlar as petrolíferas para, em seguida, reduzir sensivelmente a quantidade de petróleo oferecida ao mercado internacional. Trata-se de sua maior fonte de divisas.
Outro fator que abala a oferta de petróleo é a falta de investimentos suficientes por parte da Opep e da Rússia. Num período em que a demanda sobe, com a aproximação do inverno boreal, dúvidas sobre o abastecimento acabam, portanto, pressionando a cotação.


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