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FERNANDO RODRIGUES
Censura não tem partido
BRASÍLIA - Um sinal claro do atraso institucional do país é a onda de
censura à imprensa por meio judicial. Não há coloração partidária
nesse movimento regressivo. Forças aliadas ao PT e ao PSDB recorrem ao expediente.
Na semana passada, foi o candidato ao governo de Tocantins pelo
PMDB, Carlos Gaguim. Ele foi à Justiça e conseguiu censurar previamente a imprensa de seu Estado.
Impediu a divulgação de uma investigação criminal na qual seu nome aparecia dezenas de vezes.
A pressão foi grande. O próprio
Gaguim recuou, e o TRE tocantinense cumpriu seu dever e eliminou o desrespeito à Constituição.
Nunca é demais lembrar que o candidato do PMDB em Tocantins é
apoiado por Lula e por sua candidata ao Planalto, Dilma Rousseff.
Agora, surgiu outro caso. Seria
algum petista ameaçando a liberdade de expressão? Nada disso.
Trata-se de Beto Richa, um jovem
tucano aliado de José Serra e um
dos que supostamente modernizará o PSDB a partir do ano que vem.
Candidato ao governo do Paraná, Richa pediu à Justiça na semana passada que censurasse a divulgação de uma pesquisa do Datafolha no Estado. Alegou que o instituto não informa suas ponderações
estatísticas. A ausência desse cálculo bizantino levou o juiz auxiliar
do TRE paranaense Nicolau Konkel
Júnior a atender ao tucano.
Não satisfeito, Richa pediu novamente a censura de uma outra pesquisa que está sendo realizada nesta semana pelo Datafolha. Novamente, o juiz Konkel Júnior decidiu
a favor do tucano.
Os pedidos de Richa coincidiram
com um momento delicado em sua
campanha. Há cerca de dez dias ele
passou a perder pontos para Osmar
Dias (PDT). O tucano não teve pudor. Partiu para a censura. Ajuda
assim a ilustrar como é generalizado e sem ideologia partidária o atraso mental no meio político brasileiro quando se trata de conviver com
as diferenças ou más notícias.
fernando.rodrigues@grupofolha.com.br
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