São Paulo, terça-feira, 29 de outubro de 2002 |
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TENDÊNCIAS/DEBATES Nossa causa é o Brasil EMÍLIO ODEBRECHT
Apurados os votos, resta a singeleza rude da metáfora do futebol:
treino é treino, jogo é jogo. Chegou a
hora de trabalhar para transformar a esperança em fatos.
Passada a tensão da disputa, já não há lugar para vencedores e vencidos, mas para brasileiros que, sem abrir mão de suas convicções e valores, devem assumir o papel de protagonistas das mudanças que o futuro exige. Nesse sentido, o presidente Fernando Henrique Cardoso está dando um exemplo nobre de democracia e consciência, liderando um processo de transição inovador, civilizado e maduro. O comportamento do atual presidente é, portanto, exemplo a ser seguido, porque nossa responsabilidade é enorme. Essa responsabilidade adquire dimensão maior no mundo contemporâneo porque, se é verdade que o Brasil tem capacidade econômica reconhecida e não restam dúvidas sobre nosso potencial de desenvolvimento, sua inserção no cenário global é marcada por desequilíbrios com os quais ainda estamos aprendendo a lidar. O grande capital não tem servido à produção, que promove o crescimento e gera trabalho; tem se realimentado em uma ciranda especulativa sem fim. Nosso sistema político multipartidário é complexo e o processo de construção de alianças exigirá do novo presidente dedicação absoluta. O candidato eleito é reconhecido pela capacidade inconteste de liderar grupos e mobilizar apoios. A história do partido que fundou e o resultado que obteve nas urnas são demonstrações inquestionáveis desses atributos, aos quais ele prometeu acrescentar a abertura permanente ao diálogo, o espírito conciliador e uma paciência infinita para negociar. Assim, cabe às novas lideranças nacionais a responsabilidade de tomar as decisões e executar as ações decorrentes; e cabe à sociedade civil organizada mobilizar-se e assumir o papel histórico de se engajar na causa que deixou de ser político-partidária para ser de todos, por amor a este país. O processo democrático se concluiu como um exemplo que ultrapassa nossas fronteiras, de maturidade e civismo. Eleito presidente, Lula é o novo líder da nação. Todos nós, das elites às camadas mais populares das comunidades, precisamos, agora, caminhar no rumo da concretização da causa comum: o desenvolvimento que leve o Brasil a superar a exclusão social e criar as bases para a prosperidade da população. O sucesso do governo Lula será o sucesso de todos nós. Emílio Odebrecht, 57, engenheiro civil, é presidente do Conselho de Administração da Odebrecht S.A., holding da Organização Odebrecht. Texto Anterior: Frases Próximo Texto: Demétrio Magnoli: A miséria da política Índice |
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