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PAINEL DO LEITOR
Luminoso
"Um presidente e muita esperança"
(caderno E agora, Lula?, pág. Especial
13, 28/10), de autoria de Antonio Candido, é um artigo completamente luminoso nessa vitória que não é a tomada do
poder pelo operariado, mas, sim, uma
vitória que poderá ser o começo de uma
fase redentora.
Estou muito emocionada e pretendia
citar trechos do artigo, mas, de repente,
descobri que todo artigo é da maior importância: seria como republicá-lo novamente.
Meu abraço entusiástico ao querido
Antonio Candido e à Folha, que deu ao
artigo a importância que ele merece."
Lygia Fagundes Telles, escritora
(São Paulo, SP)
"Enquanto os europeus se movem para a direita, nós, na América Latina, nos
movemos para a esquerda.
Lá, diante da crise do estado de bem-estar, eles saem em apoio de programas
conservadores a fim de salvar um mínimo das conquistas obtidas com a guarda
desse estado. Aqui, nós ainda lutamos
para firmar essas conquistas. Infelizmente, não podemos nos dar ao luxo de
sermos conservadores, pois não temos
um legado social digno de ser defendido.
Votei no Lula na esperança de que ele
inicie a construção desse legado. Acho
que o preço serão decisões difíceis, como
a reintrodução de algum controle cambial, a reestruturação da dívida pública,
a redução da taxa de juros, o redirecionamento do crédito público etc. Mas só
elas podem dar uma chance ao desenvolvimento e ao emprego -as moedas
com que negociar as demandas que irão
chover.
Tenho 60 anos e sempre torci pelo Brasil. Mas confesso que já estava me conformando com a idéia de morrer sem vê-lo no caminho da dignidade e do respeito internacional. A eleição de Lula me
reacendeu a esperança.
Espero que a alternância de poder que
ele está protagonizando, o teste de fogo
de que nossa democracia necessitava,
represente também uma forma diferente de governar. Uma forma que, sem
quebra dos fundamentos capitalistas do
Estado, mostre que é possível colocá-lo
enfaticamente a serviço dos "sem-capital"... para o bem do capitalismo."
Messias Reis de Morais (São Paulo, SP)
"Gostaria de parabenizar o presidente
Fernando Henrique Cardoso pela sua
dedicação e pelo seu esforço nesses oito
anos de governo. O tempo vai-se encarregar de mostrar o quanto ele foi importante para o povo brasileiro.
A ilusão tomou conta do povo nesta
eleição, mais logo o povo vai perceber
que ninguém faz milagres.
Gostaria de pedir ao sr. FHC que não
nos abandone e que, se possível, oriente
esse novo governo.
Presidente Fernando Henrique, que
Deus o abençoe! E obrigado por tudo."
Vlademir Fernando Baptista
(Piracicaba, SP)
"Não deve ser muito cômodo chegar
ao final de oito anos no comando do país
e ler nos jornais que o "desemprego em
São Paulo é o maior da história" e que a
"inflação come renda, que recua pelo 20º
mês consecutivo" (Folha, 24/10).
Para um presidente que pretende passar para a história, o sr. Fernando Henrique Cardoso conseguiu: será conhecido
com o presidente que passou para o seu
sucessor o "maior mico da história".
Espero que o presidente eleito tenha
fôlego para recuperar esses anos perdidos."
Maria Tereza Mantovani (Campinas, SP)
"Lula, um líder maduro, consciente de
seus limites e possibilidades, com um
grande talento de negociador. Um líder
provido do grande sonho de construir
no Brasil uma democracia de massas,
menos desigual. Líder que sabe que vai
ser preciso paciência, negociação, vencer resistências e articular alianças [para atingir seus propósitos]."
Essas palavras não são minhas, mas de
Márcio Thomaz Bastos. Foram publicadas na Folha em 7/12/00 ("Impressões de
um turista acidental", pág. A3) e relatam
as agradáveis surpresas que o ex-presidente da OAB teve ao viajar a Cuba com
o agora presidente eleito.
Como Thomaz Bastos, todos nós,
queiramos ou não, embarcamos na
mesma viagem para a qual ele esperava
ser convidado: "Conheça o Planalto com
Lula". Boa sorte, presidente! Boa viagem,
Brasil!"
Denis Donoso (São Paulo, SP)
"A entrevista de Jorge Bornhausen
("PFL pretende constranger PT no Congresso", Eleições 2002, pág. Especial 9,
27/10) evidencia pelo menos uma coisa:
o PFL não sabe perder eleições democráticas.
A ânsia pelo poder impede que o presidente do PFL admita que o presidente
eleito ganhou porque o povo quis assim.
Lula perdeu três eleições e acatou a decisão popular. Bornhausen deveria fazer o
mesmo.
Jorge Bornhausen demonstrou tanta
sabedoria política que já deveria ter percebido que o Brasil mudou."
Marcelo José de Souza (São Paulo, SP)
"Hoje há uma estrela a mais brilhando
no céu do Brasil.
Tenho 23 anos e faço parte de uma geração que cresceu, desde a infância, acreditando no sonho do PT. Hoje tenho orgulho de fazer parte desse momento histórico e de tudo o que a eleição de Lula
significa. Espero que essa estrela possa
brilhar no coração de toda a juventude
brasileira e que possa guiar nosso povo
na construção de uma nação mais justa,
menos desigual, mais humana."
Lavinia Porto Silvares (São Paulo, SP)
"Depende do Congresso Nacional a
instalação de uma base norte-americana
em Alcântara (MA). Mas trata-se de
uma área brasileira. O que os Estados
Unidos pretendem? Não podemos aceitar isso.
Espero que Lula, ao não aceitar determinadas "imposições" dos EUA, não tenha o seu governo boicotado e desestabilizado pelos Estados Unidos -como
já fizeram anteriormente em outros governos. O Brasil tem o dever de assumir
a sua identidade e de crescer como país
livre e soberano."
Rodrigo Carvalho (Belo Horizonte, MG)
Espanto
"Com meus 65 anos de vida e mais de
40 de trabalho com jovens, como professor e diretor de escola, vejo com espanto
as críticas da leitora Rita de Cássia Magalhães ("Painel do Leitor", 25/10) aos excelentes artigos do dr. Jairo Bouer no Folhateen.
Então, mãe de um garoto de nove
anos, até hoje ela ainda não conversou
com seu filho sobre masturbação? Sexo
não se aprende mais em casa. Basta ligar
a TV e sair às ruas. A criança nem precisa
saber ler para ver e ouvir informações
sobre o assunto (muitas vezes errôneas).
Em matéria de educação sexual, vale a
pena repetir o saudoso padre Charbonneau nas palestras da escola de pais: "É
melhor chegar um ano antes do que um
minuto depois"."
Antônio Luiz Amadesi Gomes
(Jundiaí, SP)
Ameaça ambiental
"O artigo "O Brasil em chamas", de Luiza Nagib Eluf ("Tendências/Debates",
pág. A3, 23/10), é também um grito meu
como brasileira. O que me desespera é
não poder fazer absolutamente nada.
Como cobrar ações dos candidatos depois de eleitos? Pior. Como cobrar o que
nem faz parte do plano de governo: uma
maior proteção de nossa natureza? Chega, não aguento mais! Candidato-me como voluntária a qualquer cargo de proteção à natureza e aos animais."
Giseli A. Gobbo (São Paulo, SP)
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