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INFLAÇÃO E CRESCIMENTO
A inflação ao consumidor
tem se mantido acima de 0,5%
desde setembro. E a perspectiva, segundo diversos analistas, é de que as
taxas mensais persistam nessa faixa
até janeiro. O que leva a esse prognóstico é sobretudo a combinação de
dois fatores: o acúmulo de pressões
de custos -associadas a reajustes de
tarifas de serviços públicos e de salários- e a reativação da demanda interna, que estimula as empresas a
tentar repassar seus aumentos de
custos aos preços.
Diante dessas expectativas pouco
favoráveis no tocante ao comportamento da inflação no futuro próximo, não será surpresa se o Banco
Central revelar até o fim do ano cautela ainda maior do que evidenciou
em outubro ao optar por reduzir a taxa de juros básica em apenas um
ponto percentual. Cortes ainda mais
modestos, ou mesmo uma interrupção da trajetória de redução dos juros, podem ser esperados.
Essa cautela é compreensível, mas
pode estar sendo agravada pela preocupação em cumprir à risca uma meta de inflação talvez demasiadamente ambiciosa. O mercado espera que
a inflação feche 2003 com alta pouco
superior a 9,5%; reduzi-la a 5,5% no
ano que vem exigiria induzir uma desaceleração expressiva dos preços.
O desafio, complexo, é conter a inflação sem sufocar o crescimento.
Pois não é só a inflação que inspira
cautela: a atividade econômica também demanda cuidados.
Aumentam os sinais de que uma
recuperação do mercado interno já
se tenha iniciado, mas o seu fôlego
ainda é incerto. Os consumidores
encontram algum estímulo na redução (embora lenta) do custo do crédito, mas se ressentem do alto desemprego e da expressiva perda de renda
real que sofreram nos últimos anos.
Tanto que a confiança dos consumidores caiu de setembro para outubro, como apurou a Federação do
Comércio do Estado de São Paulo.
A fragilidade da retomada da atividade econômica deveria ser levada
em conta pelas autoridades -e justificaria trabalhar com a margem de
tolerância da meta de inflação, que é
de até 2,5 pontos percentuais acima
dos 5,5% estabelecidos para 2004.
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