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São Paulo, quarta-feira, 29 de outubro de 2003

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INFLAÇÃO E CRESCIMENTO

A inflação ao consumidor tem se mantido acima de 0,5% desde setembro. E a perspectiva, segundo diversos analistas, é de que as taxas mensais persistam nessa faixa até janeiro. O que leva a esse prognóstico é sobretudo a combinação de dois fatores: o acúmulo de pressões de custos -associadas a reajustes de tarifas de serviços públicos e de salários- e a reativação da demanda interna, que estimula as empresas a tentar repassar seus aumentos de custos aos preços.
Diante dessas expectativas pouco favoráveis no tocante ao comportamento da inflação no futuro próximo, não será surpresa se o Banco Central revelar até o fim do ano cautela ainda maior do que evidenciou em outubro ao optar por reduzir a taxa de juros básica em apenas um ponto percentual. Cortes ainda mais modestos, ou mesmo uma interrupção da trajetória de redução dos juros, podem ser esperados.
Essa cautela é compreensível, mas pode estar sendo agravada pela preocupação em cumprir à risca uma meta de inflação talvez demasiadamente ambiciosa. O mercado espera que a inflação feche 2003 com alta pouco superior a 9,5%; reduzi-la a 5,5% no ano que vem exigiria induzir uma desaceleração expressiva dos preços.
O desafio, complexo, é conter a inflação sem sufocar o crescimento. Pois não é só a inflação que inspira cautela: a atividade econômica também demanda cuidados.
Aumentam os sinais de que uma recuperação do mercado interno já se tenha iniciado, mas o seu fôlego ainda é incerto. Os consumidores encontram algum estímulo na redução (embora lenta) do custo do crédito, mas se ressentem do alto desemprego e da expressiva perda de renda real que sofreram nos últimos anos. Tanto que a confiança dos consumidores caiu de setembro para outubro, como apurou a Federação do Comércio do Estado de São Paulo.
A fragilidade da retomada da atividade econômica deveria ser levada em conta pelas autoridades -e justificaria trabalhar com a margem de tolerância da meta de inflação, que é de até 2,5 pontos percentuais acima dos 5,5% estabelecidos para 2004.


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