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PUBLICIDADE DE DROGA
Imagine-se , por hipótese, que o
Brasil conclua que não vale a pena manter proibidas drogas como a
maconha e a cocaína e decida legalizá-las. São de fato crescentes as vozes que defendem a legalização,
mesmo entre pessoas responsáveis e
conservadoras. Costumam argumentar que os danos provocados pelo tráfico superam em muito os malefícios que seriam gerados pelo consumo. O debate está aberto. O fato é
que nem o mais radical dos militantes pró-legalização defenderia que
empresas pudessem anunciar produtos derivados da maconha e da cocaína na TV. Muito menos em horário nobre e com mensagens que visassem especificamente os jovens.
Quando a droga é o álcool, porém,
por já ser legalizada, essa parece ser a
situação mais natural do mundo. Do
ponto de vista da saúde pública, o álcool causa mais danos do que todas
as drogas ilícitas reunidas. Assim,
chega a ser desconcertante a força do
lobby das cervejas, que está prestes a
evitar, mais uma vez, que a propaganda de bebidas seja banida, como
o foi para efeitos práticos a publicidade de cigarros. E o governo Lula
tem, lamentavelmente, se mostrado
mais sensível aos apelos dos fabricantes e da área publicitária que aos
interesses da saúde pública.
A defesa que esta Folha faz da proibição da propaganda não é um ranço
moralista. O jornal, na realidade,
considera que o problema das drogas, por ser insolúvel, estaria melhor
equacionado com a descriminalização do consumo -e, quem sabe,
num futuro distante, com a legalização- do que com a repressão.
Admitir o fato de que as pessoas
usam drogas e entender que se trata
de um problema de saúde, e não de
polícia, não significa que se deva incentivar o consumo de substâncias
que causam dependência. Ao contrário, jovens já demonstram por conta
própria tendências autodestrutivas,
que mereceriam, sim, campanhas de
esclarecimento. Nesse sentido, estimular o consumo é algo pouco razoável, que deveria ser proscrito.
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