São Paulo, sexta-feira, 29 de outubro de 2010

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ELIANE CANTANHÊDE

Muro intransponível

BRASÍLIA - O tempo corre a favor do governo e contra a oposição, que deve estar para lá de aflita com a cristalização de uma diferença de 12 pontos nos votos válidos, conforme apurou o Datafolha.
É como se José Serra tivesse batido num muro de concreto, sem instrumentos para ultrapassá-lo. Sua grande chance seria buscar o eleitor indeciso, que nunca foi de ninguém, ou que já foi de um, foi de outro e não sabe para onde correr. Mas desse mato praticamente não sai mais cachorro -ou voto.
Os indecisos caíram de 8% para 4%, e de forma homogênea em todos os estratos, apesar de levemente mais nítida no Sudeste, de 9% para 4%. Desses cinco pontos, três foram para Dilma (47% na região) e dois para Serra (42%).
Um forte bloco que ainda poderia sacudir certezas é o do eleitorado de Marina Silva no primeiro turno, que também está se definindo claramente na reta final. Os 14% de indecisos nesse grupo caíram para 8%. Serra lucrou mais quatro pontos e foi para 48%. Dilma perdeu três e está com 27%.
Mas os "marineiros" ainda refratários à polarização PT-PSDB -e, portanto, decididos a votar branco/nulo- subiram seis pontos, de 12% para 18%. Um índice alto, e não se pode descartar que muitos mudem de ideia na última hora, seja para ratificar a vitória de Dilma, seja para reequilibrar a disputa.
O debate de hoje à noite na Rede Globo, o último e mais importante de toda a eleição, deixa os dois lados em polvorosa. Dilma e Serra têm de chegar passando segurança, com as respostas na ponta da língua e, mais do que isso, sabendo para quem estarão falando. Debates são para indecisos e para o eleitor não muito convicto. Servem ainda como derradeiro recurso para chacoalhar votos brancos e nulos.
Com 12 pontos de diferença, porém, não dá para dizer que o debate de hoje será "decisivo". É imperdível e pode até mudar votos, mas dificilmente mudará o resultado.

elianec@uol.com.br


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