São Paulo, sexta-feira, 29 de novembro de 2002

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PCC E CONGÊNERES

"O PCC é uma organização falida e desmantelada." A frase, do diretor do Departamento de Investigações sobre o Crime Organizado da Polícia Civil paulista, Godofredo Bittencourt, apenas poderá ser verificada com o passar do tempo. Por ora, é mais cauteloso não depositar tantas esperanças em que a organização criminosa que promoveu a maior rebelião carcerária da história brasileira, bem como crimes e atentados os mais diversos, esteja permanentemente fora de ação.
O otimismo da cúpula da polícia se baseia no fato de que várias de suas lideranças foram identificadas e/ou presas. Inviabilizar o funcionamento de uma organização criminosa significa, basicamente, bloquear as linhas de comando que partem do topo de sua hierarquia. Ocorre que, como a mesma polícia argumenta, numa organização criminosa naturalmente fluida como o PCC, a substituição de lideranças é bastante veloz.
Em maio deste ano, a polícia pôs em marcha uma megaoperação para desmobilizar e, ao mesmo tempo, identificar a estrutura de comando dessa organização criminosa paulista. À época, foi esboçado o primeiro "organograma" daquela que supostamente seria a "elite" do PCC. Segundo as autoridades, da lista original de 60 nomes, 52 haviam sido substituídos seis meses depois.
É algo exagerado comparar o PCC a uma empresa no que tange a seu grau de hierarquização e sofisticação administrativa. O mais provável é que haja diversos grupelhos agindo sob a capa mais geral do PCC. Essa característica, associada ao fato de que a organização do crime paulista não se restringe ao PCC, torna o trabalho investigativo da polícia ainda mais difícil.
O que mais preocupa é que essas associações de criminosos passem a valer-se, como já vêm ensaiando, de táticas tipicamente terroristas que vitimam indiscriminadamente a população. Essa "transição" do crime organizado paulista deve ser impedida a todo custo.


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