|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
No clube de Chávez
RAFAEL CORREA, da esquerda
nacionalista, foi eleito no
domingo presidente do
Equador. Ele será o oitavo mandatário a assumir o poder nos últimos dez anos, o que dá bem a
medida do grau de instabilidade
política reinante no país andino.
Para escapar dessa sina de deposições em série, Correa conta
com a larga vantagem obtida nas
urnas sobre seu rival, o liberal-conservador Alvaro Noboa. Dissipa-se, assim, o cenário de impasse eleitoral como o mexicano,
mas não o de uma Presidência
problemática no Equador.
O partido de Correa, o recém-criado Alianza País, não elegeu
nenhum deputado. Para sustentar a bandeira de seu candidato
majoritário, de atacar a "política
tradicional", a sigla não lançou
postulantes ao Congresso. É
quase certo, portanto, que o presidente eleito, seguindo os passos do venezuelano Hugo Chávez, de quem é admirador e amigo, convocará uma Assembléia
Constituinte, a qual poderá tentar dissolver o Parlamento. Tal
medida arrancaria aplausos no
Equador: 90% dos eleitores reprovam o atual Congresso.
Ao longo da campanha, Correa
mostrou duas faces. No primeiro
turno adotou discurso radical,
prometendo romper com o FMI
e renegociar contratos de petróleo -inclusive com a Petrobras.
No segundo escrutínio, moderou
o tom. Rejeitou desdolarizar a
economia e deu declarações visando agradar a investidores.
É cedo para dizer qual Correa
prevalecerá. O mais provável é
que, a exemplo de Evo Morales,
na Bolívia, aja como um nacionalista populista para o público interno, e, para o externo, mostre-se mais flexível e conciliador. De
todo modo, a diplomacia brasileira, escaldada com o caso boliviano e o venezuelano, deve preparar-se para enfrentar percalços, advindos da recidiva regional do caudilhismo antiimperialista, também no Equador.
Texto Anterior: Editoriais: Conspiração do sigilo Próximo Texto: São Paulo - Claudia Antunes: Constantinopla Índice
|