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CLÓVIS ROSSI
Exaltação da mediocridade
SÃO PAULO - Fernando Haddad,
o ministro da Educação, telefona
para dizer que jamais afirmou que
"nunca" a escola pública será tão
boa quanto a particular.
O que ele disse é que, "enquanto a
escola pública não se qualificar",
quem pode pagar põe o filho na escola privada, que acaba tendo melhores resultados.
Feita a correção, tenho que repetir o que já disse a ele e ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em breve diálogo trilateral em Londres: está levando tempo demais para
"qualificar" a escola pública. Na
verdade, requalificar, porque sou filho da escola pública e, no meu tempo, a excelência era dela, não do ensino privado.
Por falar nisso, o caminho para a
"qualificação" está longe de ser o insinuado pelo prefeito Gilberto Kassab, qual seja, dar um prêmio aos
professores que não faltem ou faltem menos. Não é sério premiar
quem apenas cumpre a sua obrigação primária que é a de comparecer
ao local de trabalho.
Se os professores faltam porque o
salário e as condições de trabalho
são inadequadas, que se corrijam as
inadequações. E se puna quem não
cumpre sua obrigação.
O educador Tião Rocha, empreendedor social 2007, diz que a
escola dos sonhos dele, que deveria
ser o sonho de todos, é a que faz o
aluno desejar freqüentá-la também
aos sábados e domingos.
Premiar professores que não
querem freqüentá-la com assiduidade nem de segunda a sexta é premiar a mediocridade.
Por falar em mediocridade, os
torcedores do América de Natal deveriam considerar-se "abençoados
por Deus". É verdade que ficaram
em 20º lugar entre os 20 clubes da
elite do futebol brasileiro.
Mas o Brasil, no IDH da ONU, ficou em 70º entre os 70 países da elite e, mesmo assim, o presidente Lula se acha abençoado por Deus.
Nunca antes neste país se fez tamanha exaltação da mediocridade.
crossi@uol.com.br
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