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Editoriais
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O vale do MinC
EMBALADA por discurso sobre a importância de democratizar o acesso aos bens culturais, a proposta do vale-cultura, longe de ser uma solução, cria mais um caso de subsídio e renúncia fiscal no setor.
Segundo o projeto do governo, o mecanismo, com valor mensal de R$ 50, será oferecido a trabalhadores com rendimento de até cinco salários mínimos. A quantia poderá ser usada na compra de produtos como livros e DVDs -e também na aquisição de ingressos para espetáculos e museus. O vale-cultura chegará aos trabalhadores através de empresas, que poderão fazer deduções de seu Imposto de Renda.
É louvável a intenção de ampliar o acesso a bens culturais, mas melhor faria o governo se concentrasse esforços e recursos no ensino. É a escola e são os jovens o principal alvo a atingir, pois a cultura é parte integrante da educação de boa qualidade.
Não se pode deixar de ver na iniciativa do Ministério da Cultura também uma faceta eleitoral. Criar benefícios quando se aproximam as eleições é um velho hábito de governantes. Nesse terreno, o ministro Juca Ferreira teria se saído melhor caso tivesse recusado gastar dinheiro público na confecção de um folheto sugerindo voto em políticos que apoiam as propostas do MinC.
Questionado por parlamentares e jornalistas, Ferreira irritou-se. Disse que profissionais da imprensa são pagos para mentir. Logo ele, que na primeira versão negou o fato de o impresso ter sido custeado pela pasta.
Em nota, declarou que a assessoria o teria induzido ao erro. Por fim, considerou a iniciativa "absolutamente legítima", o que não é, e saiu-se com uma estranha explicação sobre seu temperamento emocional. Um episódio a lamentar.
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