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FERNANDO DE BARROS E SILVA
Bandeiras de guerra
SÃO PAULO - As imagens das bandeiras do Brasil e do Rio de Janeiro
hasteadas no alto do Complexo do
Alemão simbolizavam, ontem, a vitória das forças policiais e militares
sobre o tráfico naquele território.
Sim. Mas eram, também, imagens
para consumo da mídia -nacional
e sobretudo a internacional.
Estão em jogo, neste momento, a
competência do país para sediar a
Copa de 2014 e a do Rio para receber a Olimpíada em 2016.
Na sexta, o "Le Monde" dizia:
"Violência acirra as dúvidas sobre a
capacidade de o Brasil organizar a
Copa e os Jogos". O "The Guardian"
foi mais direto: "O Brasil está tentando limpar a cidade à beira-mar
antes da Copa e dos Jogos Olímpicos". Nada como um jornal britânico para nos dizer as coisas...
Com tudo o mais atrasado, a
"limpeza à beira-mar" talvez seja a
primeira obra de infraestrutura do
país a fim de viabilizá-lo aos interesses bilionários envolvidos nos
jogos esportivos globais.
Ninguém seria louco de dizer que
se trata, desta vez, de uma limpeza
cosmética, para inglês ver. Nunca
as forças repressivas do Estado haviam enfrentado os traficantes com
tanta determinação e força organizada. Organizada demais para
quem foi apanhado de surpresa.
Há coisas ainda muito mal esclarecidas nisso tudo. O ministro da
Justiça, Luiz Paulo Barreto, disse
anteontem que não havia nenhum
indício de que a ordem para incendiar a cidade havia partido de dentro dos presídios de segurança máxima. Isso, no entanto, vem sendo
repetido como fato inconteste.
Outro exemplo é o do suposto bilhetinho deixado como recado num
dos ônibus incendiados: "Com UPP
não há Olimpíada". Você acredita
que um traficante escreveria isso?
Seria muito impatriótico perguntar a quem interessaria o pânico
que se instalou no Rio? E estranhar
que isso tenha ocorrido logo após
as eleições? São dúvidas e desconfianças que fariam bem ao jornalismo que não deve favores a Sérgio
Cabral e busca a verdade.
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