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Com moderação
O futuro secretário da Saúde do
governo Geraldo Alckmin, Giovanni Guido Cerri, disse, em entrevista à Folha, que pretende fazer
do combate ao abuso do álcool
uma prioridade de sua gestão.
Diretor da Faculdade de Medicina da USP e do Icesp (Instituto do
Câncer Octavio Frias de Oliveira),
Cerri afirma que "não se trata de
criar uma lei seca, mas de mostrar
o problema à sociedade e liderar
uma reação" -o que exigiria
ações educativas. "É por causa da
educação que hoje jovens pressionam os pais a parar de fumar.
Houve uma mudança de pensamento que ainda não ocorreu em
relação ao álcool."
O contraponto faz sentido. Segundo especialistas, no Brasil o
custo social do álcool é maior do
que o do tabaco -nos EUA, por
exemplo, ocorre o contrário. Uma
das explicações seria o fato de o
mercado de bebidas alcoólicas ser
pouco regulado no país.
Um estudo do Ministério da
Saúde estimou, entre 2000 e 2006,
uma média de 57 mortes por dia
em decorrência de doenças crônicas associadas ao consumo de álcool. Somam-se a elas acidentes
de trânsito, homicídios, violência
doméstica e casos de menores que
fogem de casa, entre outros problemas sociais e/ou de saúde que
têm intersecção com a ingestão
abusiva de álcool.
Psiquiatras especializados no
assunto insistem que políticas públicas devem combater tanto a dependência do álcool como os
transtornos derivados do uso da
bebida por quem não é alcoólatra.
Campanhas educativas são
úteis, mas dificilmente uma ofensiva contra o alcoolismo se resumirá a elas. O mais provável é que,
seguindo a experiência antitabagista, as propostas entrem no território das restrições à publicidade e à venda de bebidas. São aspectos a levar em conta, que mereceriam maior debate público.
Deve-se evitar, porém, que as
razões invocadas em nome da
saúde pública venham atropelar
direitos e liberdades individuais.
Contra a tentação dos excessos
por parte do Estado, vale aqui a recomendação que se faz ao consumidor: legisle com moderação.
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