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MELCHIADES FILHO
Beija Sapo
BRASÍLIA - O roteiro do programa é simples: pretendentes escondidos por uma máscara de sapo
competem pelo direito de beijar
uma menina (ou um rapaz). A escolha se dá por meio de perguntas e
provas tolas. Tão tolas que parecem
boladas para que o casal NÃO tenha
idéia um do outro e, desse modo,
tornem o mais gratuito possível o
amasso que invariavelmente arremata a gincana televisiva.
Ok, o prefeito de São Paulo pode
não despertar a volúpia dos adolescentes sarados e salivantes da MTV.
Mas há um quê de Beija Sapo no tititi em torno do nome dele.
Gilberto Kassab conseguiu imprimir uma marca à sua gestão, com
o elogiável projeto Cidade Limpa.
Meteu o trator em redutos dos rivais, sobretudo na periferia, com o
apoio de coronéis municipais como
o "neodemo" Milton Leite.
Mostrou que é bom de tática pré-eleitoral ao escolher saúde (os ambulatórios AMAs) e educação (as
superescolas CEUs) como prioridades de governo -respectivamente
apontados como um ponto fraco e
um ponto forte da administração de
Marta Suplicy, sua antecessora e
provável adversária em 2008.
E marcou presença onde a notícia estivesse, fosse ela boa ou ruim.
Mas, se fecha o ano em alta, é
também por causa de outra fortaleza detectada nas pesquisas: prefeito
sem um único voto, ainda é desconhecido e por isso pouco rejeitado.
Dois estudos de psicologia de
Harvard, incluídos pelo "New York
Times" na lista das principais inovações das ciências em 2007, ajudam a compreender o fenômeno.
Um, aplicado na medicina, conclui que somos mais felizes quando
não temos expectativas. Outro, na
economia, que tendemos a fazer
uma avaliação mais positiva de um
sujeito quando temos poucas (ou
ambíguas) informações sobre ele.
Para o sapo Kassab, é bom que
continue assim. Não estranhe se a
campanha da reeleição, como no
programa da Cicarelli, opte por não
aprofundar muito as coisas.
mfilho@folhasp.com.br
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