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FERNANDO DE BARROS E SILVA
2009 de cara feia
SÃO PAULO - Como se ainda fosse
preciso dirimir alguma dúvida, Dilma Rousseff se submeteu a uma
plástica facial. No apagar das luzes
de 2008, uma fumaça branca na
chaminé do Moinhos Plastic Center anunciava: habemus candidata!
Há quem torça o nariz diante dessas frivolidades. Mas o espetáculo
da boa aparência artificial talvez seja o que de menos dissimulado a política atual possa nos oferecer.
Longe daqui a praga do machismo. Serra também já fez os seus retoques e se renderá às máquinas de
bronzear no momento adequado.
Feia, de verdade, promete ser a
carranca de 2009. É possível que o
ambiente de incertezas venha precipitar e acirrar o debate sucessório. Sim, mas entre os efeitos reais
da crise, a sua percepção pelas diferentes classes sociais e as eventuais
conseqüências políticas disso há
muitas variáveis em jogo.
Lula está nos píncaros da glória.
Acumulou muita gordura para
queimar. A erosão de sua popularidade, se e quando ocorrer, deve ser
o último indicador a nos dizer que o
mundo já não é mais azul.
A aposta do governismo em Dilma tira o gás de Ciro Gomes, e Aécio, o menino das Gerais, segue
agindo como quem quer, sim, disputar a sucessão... de Sérgio Cabral.
No fim, 2009 tende a afunilar a
disputa entre Dilma e Serra, os candidatos da cara feia. É difícil imaginar a primeira sem a sombra carismática do pai. Ela, a estatólatra que
sobreviveu à queda do Muro e se
projetou no vácuo da débâcle moral
do PT, quando as estrelas do partido foram pelo ralo do mensalão, será mais do que a gerentona do PAC?
Já Serra, de cuja capacidade ninguém duvida nem esquece de citar,
parece ser aquele político invariavelmente melhor do que o governo
que é capaz de realizar.
Cheios de convicções, mas quase
nenhum molejo, Dilma e Serra são
o oposto de Lula -como Macunaíma, herói da nossa gente. Será uma
encrenca sucedê-lo.
Entro em férias. Desejo a todos um
feliz Ano-Novo. Até fevereiro.
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